Desse contingente, 75 milhões seriam indivíduos vivendo em situação de indigência. Estimativas da CEPAL foram feitas com base em dados de anos anteriores. Brasil é um dos poucos Estados que registrou redução da pobreza de 2013 para 2014; no período de 2009 até o ano retrasado, queda da pobreza foi estimada em 7,9% no país.
Estimativas da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) publicadas nesta terça-feira (22) indicam que a pobreza teria aumentado entre os latino-americanos, atingindo possivelmente 175 milhões de pessoas – 29,2% da população total da região. Desse contingente, 75 milhões seriam indivíduos vivendo em situação de indigência.
Para o organismo internacional, as projeções negativas exigem que países protejam avanços sociais e estejam atentos a retrocessos. Em seu Panorama Social da América Latina 2015, a CEPAL analisou dados de anos anteriores para estimar as taxas de pobreza e indigência do ano passado.
No biênio 2013-2014, a população de pobres na América Latina aumentou em cerca de 2 milhões, alcançando 168 milhões de habitantes da região, entre eles, 70 milhões de indigentes.
O Brasil, no entanto, foi uma das poucas nações latino-americanas que apresentou uma tendência contrária entre um ano e outro. No país, no Equador e na Colômbia, um total de 5 milhões de pessoas saíram da pobreza.
De acordo com os dados da CEPAL, as conquistas do Brasil datam também do período anterior ao biênio 2013-2014. De 2009 a 2014, a taxa de pobreza do país registrou uma queda de 7,9%. Na América Latina, entre 2002 e 2012, a pobreza diminuiu 15,7%.
“É urgente explorar novas fontes e mecanismos fiscais de financiamento que tornem sustentável a política social e os avanços alcançados na última década”, destacou a secretária-executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, a respeito da conjuntura atual da região.
“Se queremos alcançar o primeiro Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, que é buscar o fim da pobreza em todas as suas formas, a América Latina deve gerar mais empregos de qualidade, com direitos e proteção social, preservar o salário mínimo e proteger o gasto social, que mostra uma diminuição em seu ritmo de crescimento”, ressaltou a dirigente.
Gasto público em investimentos sociais aumentou, mas desigualdades perduram e afetam população negra e indígena
O Panorama da CEPAL chamou atenção para o aumento regional dos investimentos públicos em áreas de desenvolvimento social.
No início dos anos noventa (1991-1992), o gasto social se situava em 12,6% do Produto Interno Bruto (PIB) da América Latina – em média ponderada – aumentando para 19,5% do PIB no biênio 2013-2014. O crescimento dos investimentos deve-se em primeiro lugar à expansão dos gastos com previdência e assistência social (3,5%), seguido de educação (1,9%) e saúde (1,5%).
No Brasil, a fatia do PIB dedicada aos gastos públicos sociais ultrapassou os 25% de 2013 para 2014. Índice é um dos maiores da América Latina, ficando atrás apenas das taxas registradas em Cuba.
Apesar dos avanços em políticas sociais, as sociedades latino-americanas ainda são afetadas por desigualdades significativas.
Em 2014, a renda per capita dos habitantes da América Latina pertencentes aos 10% da população com maiores rendimentos foi 14 vezes superior à das pessoas que integram os 40% da população com menores rendimentos.
Segundo o levantamento, as disparidades socioeconômicas se refletem na educação. Enquanto 80% dos jovens de 20 a 24 anos dos 20% mais ricos teriam concluído a educação secundária em 2013, somente 34% das pessoas da mesma idade dos 20% mais pobres chegaram ao final dessa etapa da aprendizagem formal.
Diferentes variáveis consideradas pela CEPAL revelam ainda que a pobreza, a distribuição injusta de renda e a precariedade afetam determinadas parcelas da população.
De acordo com a Comissão, os rendimentos médios do trabalho dos homens não indígenas nem afrodescendentes são quatro vezes maiores daqueles recebidos pelas mulheres indígenas e duas vezes maiores em relação aos das mulheres afrodescendentes.
No Brasil, a proporção de negros assalariados é 4,5% menor do que a taxa de pessoas não afrodescendentes empregadas nesse tipo de regime, segundo dados de 2013.
Já o trabalho autônomo é 4,4% mais alto entre negros do que entre a população considerada não afrodescendente. Índice de mulheres negras que trabalham como empregadas domésticas chega a 18,6%, um percentual oito pontos acima da taxa para o público feminino branco empregado nessa ocupação.
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