A cidade e a vocação persistente para a idiotice - Blog A CRÍTICA

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sábado, 25 de fevereiro de 2017

A cidade e a vocação persistente para a idiotice

Luiz Rodrigues - Editor

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Politicamente os municípios brasileiros são amesquinhados desde sempre, referencie-se a obra máxima do decadente municipalismo nacional Coronelismo - enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil de autoria do eminente Victor Nunes Leal, jurista, sociólogo e jornalista. A política municipal depende de um jogo de relações pessoais entre chefes eleitorais, que acaba reduzindo a cidade, onde vive todo o eleitorado ao mais baixo nível de civismo político possível. O espírito republicano que manteve a república americana erguida sobre as associações cidadãs nunca vigorou no Brasil, aqui ser cidadão "solto", independente, não vale muito, o máximo que se pode conseguir é vender o voto por um par de sapatos; agora, na medida em que se entrega à força e ao prestígio de um chefe eleitoral que dispõe de cargos no município aí consegue-se acender em prestígio local e, se tiver disposição, conseguirá até um mandato na câmara municipal.

Como não há republicanismo entre o povo um líder nasce do "carisma", da demagogia e da adulação. às vezes o líder novato emerge do nada e vai se inserindo no jogo, quem sabe atingindo a capital Federal, assim ascendeu Dinarte Mariz no período pós-Revolução (golpe) de 1930, que era contra, dentre outras coisas, o chamado coronelismo; mas está no "espírito do povo" o jogo do relacionamento pessoal. Victor Nunes Leal destaca na obra acima mencionada a transição do coronelismo rural para a ascensão de diplomados, devido à disseminação do ensino universitário no país; um médico como Vivaldo Costa que entrara no grupo de Dinarte, por exemplo. A medicina, aliás, se tornaria um agente extremamente formador de demagogos no Rio Grande do Norte.

A força de um líder municipal está nas alianças estaduais e federais, por isso o fisiologismo partidário; estar-se contra o poder é a certeza de não poder governar. Hoje um dos mecanismos mais absurdos e resquício direto do coronelismo são as chamadas emendas parlamentares, uma forma de manipulação do orçamento para prestigiar parlamentares e seu aliados; o atual prefeito de Caicó antes mesmo de assumir o mandato fora a Brasília rastejar emenda com o cacificado do PSDB, liderado no RN por Rogério Marinho, para realizar uma festa estúpida de carnaval em uma região onde esse tipo de evento nunca foi tradição. Todo o aparato midiático e político local gaba-se de a cidade realizar o terceiro maior carnaval do Nordeste, detalhe: a cidade não possui uma escola com estrutura moderna, apenas grupinhos de paredes amarelas.

No Rio Grande do Norte o PSDB contava apenas com Rogério Marinho na Câmara Federal, não tinha deputados estaduais, em 2015 ganhou cinco nomes no parlamento estadual, tornando-se a maior bancada da casa legislativa local. Em Caicó não tinha representação alguma, até que o então vereador Robson Araújo, chamado Batata, então no PMDB, rompe com o grupinho de Álvaro Dias e lança a candidatura, acaba vencendo com facilidade o pleito municipal de 16. Pratica uma campanha micareteira como qualquer outra mas com ares de santidade. Assume o mandato, instala lixeiras, objetos esquecido pelo "gestor" anterior e grava vídeos pro Facebook, depois de uma limpeza urbana, torna-se praticamente adorado. No caos qualquer migalha é recheio.

O próprio Vivaldo Costa cogitou ir ao PMDB, depois de décadas manejando recursos e usando o Hospital do Seridó, uma fundação hospitalar, como arma eleitoral caiu quase no ostracismo e, tolhido pelos jerimuns em beira de estrada, resiste em reconhecer a debacle. Contudo elegeram a maior "bancada" partidária na câmara municipal, na sigla PROS, e que bancada... Assim funciona, o PSDB no governo federal é a certeza de recursos, isso que faz do PMDB o maior "partido" do Brasil, ele sempre está no poder federal, apoiando Deus ou o diabo. Agora aqui para o Nordeste, por exemplo, utiliza-se do DNOCS para manipular a opinião pública, ainda destituída de mídia liberal.

Para finalizar, o município não funciona pelo fato de a sua arma não ser utilizada: o não ser seguidor de demagogos, não correr durante a campanha eleitoral como perfeito idiota atrás de trios com discursos mentirosos de imbecis que usam as siglas eleitorais meramente para catar emendas. Sempre troque as faces e a numeração que manda ao poder, não faz muita diferença, mas pelo menos não permite a permanência dos mesmos larápios com o poder do cofre, e do desvio... Muito menos creia que Aviões de Forró por "passar" na Globo levará a cidade ao paraíso...

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