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terça-feira, 17 de março de 2020

2020 sacramenta o fim da seca do doze. Transposição do São Francisco é inútil.

Foto: Diário de Pernambuco

A grande seca que se iniciou em 2012 pode ser considerado como o maior período de seca registrado na região Nordeste. O primeiro ano deste período foi o mais calamitoso de todos, praticamente não houve qualquer precipitação, nos anos que se seguiram até houve a presença de chuvas, mas insuficientes para recarregar as grandes barragens da região.


Apesar da extensão da estiagem, "o doze" inaugurou uma nova era para o Nordeste. Foi a primeira vez, em toda a história documentada, desde o século XVI, que não houve registros de mortes humanas em decorrência da falta de chuvas, como se pode ver no link acima na matéria do UOL, a mortandade atingiu apenas os rebanhos de animais. 

A atenuação do impacto humano da "seca" deveu-se, primeiramente, às grandes obras "contra a seca", implementadas desde o império, mas acima de tudo a partir do Governo Epitácio Pessoa, ao incremento da renda para os pobres da região em razão da previdência rural, do Bolsa Família e do "dirigismo" da Constituição de 1988, além da modernização econômica do sertão. Menos de meio século atrás, entre 1979 e 1984, estima-se que o número de mortos em decorrência de uma grande seca tenha chegado a 3,5 milhões de pessoas, a população do Rio Grade do Norte hoje. Em 30 anos o Nordeste deu um salto de 3,5 milhões de mortos para zero.


Faltou água em cidades por causa da ausência de redes de integração de bacias dentro da própria área do polígono das secas. Em 2014 faltava água em Pau dos Ferros no Rio Grande do Norte e, a Barragem de Umari em Upanema tinha boa reserva hídrica, inexistia, entretanto a infraestrutura que pudesse abastecer a cidade vizinha. Inúmeras adutoras de emergência foram construídas naquele período, quando poderiam e deveriam ter sido feitas em períodos onde não houvesse necessidade.

A seca de 2012 deixou claro, a somar-se, que a Transposição do Rio São Francisco é totalmente desnecessária, como escreveu o engenheiro agrônomo da fundação Joaquim Nabuco, João Suassuna. Sempre gostei de ler os artigos de João e por um bom tempo cheguei a imaginar que o mesmo estivesse errado sobre a transposição, no entanto, me convenci de que a razão está com ele.


Em primeiro lugar, nos anos da seca a obra não esteve concluída, como não está até hoje e, portanto não serviu para aliviar qualquer efeito da estiagem prolongada. Por outro lado, a seca nos mostrou, principalmente aqui no RN, que se os vultosos recursos desperdiçados com a transposição houvessem sidos, preventivamente, investidos ao longo dos anos 2000, em obras "emergenciais" para o futuro, o doze não teria tido os cruéis efeitos que ainda provocara.

A partir de 2018 a quantidade de chuvas aumentou na região, os efeitos da aniquilação dos volumes da grandes barragens causadas pelo período iniciado em 2012 continuam até o presente momento, mas já em boa recuperação neste 2020, como ocorrera também em 2019.







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