"O setor informal tem cerca de 42 milhões de pessoas. É um grupo invisível aos olhares das políticas públicas, aos olhares do Estado. Eu creio que a melhor maneira de amainar os efeitos da crise sob esse segmento que está parado é, de alguma forma, estender os benefícios do Bolsa Família”, destaca
FGV - Como socorrer o setor informal e os mais necessitados em um cenário de fragilidade econômica por conta da pandemia de coronavírus? O economista e diretor do FGV Social, professor Marcelo Neri, aponta quais alternativas o governo pode seguir para socorrer aqueles que perderam ou irão perder suas rendas durante essa crise no terceiro vídeo da websérie FGV - Impactos do COVID-19.
O ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada e ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República relata que foram propostas uma série de medidas que envolvem ou a antecipação de benefícios sociais, como o 13º salário, abono social, postergação de impostos no caso do Simples e dos Microempreendedores Individuais (MEI). Além disso, o governo correu para recuperar um milhão de beneficiários que estavam na fila do Bolsa Família, o que envolve R$ 140 bilhões em novos recursos fiscais. Neri acredita que esses esforços estão na direção correta, mas demonstra preocupação por essas medidas não contemplarem os trabalhadores informais, também muito afetados com a pandemia.
“O grande desafio dessas medidas é atingir o setor informal da economia: trabalhadores por conta própria, trabalhadores sem carteira, que são quase 42 milhões de pessoas. É um grupo invisível aos olhares das políticas públicas, aos olhares do Estado. Eu creio que a melhor maneira de amainar os efeitos da crise sob esse segmento que está parado é, de alguma forma, estender os benefícios do Bolsa Família. Esse é um canal importante, tem um alto multiplicador sobre o PIB da economia que pega os mais pobres”, destaca.
Outra medida adicional, segundo o especialista em políticas sociais, seria ascender as pessoas que estão no Cadastro Único, que cobre cerca de 27 milhões de famílias, para que eles se tornem também beneficiários do Bolsa Família. O desafio agora, de acordo com Neri, é tomar medidas emergenciais que atinjam os mais pobres, mas que ao mesmo tempo sejam viáveis, seja do ponto de vista do tempo que se gasta para se implementar as medidas, seja pela operacionalidade dessas medidas.
“Eu acho que o Cadastro Único e o Bolsa Família oferecem oportunidades, talvez únicas, para o governo tentar, de alguma forma, compensar as perdas de parte do setor informal em uma estratégia de atingir de baixo pra cima, atingindo primeiro os mais necessitados”, conclui.


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