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domingo, 15 de março de 2020

O vírus do sectarismo e a demagogia da burrice



Fenômeno raro é haver na humanidade um democrata, seria como se Diógenes ao procurar um homem encontrasse tal ser e fosse ele dotado de tal consciência política. Por felicidade temos o que se entende por egoísmo, cada qual querendo se mostrar melhor que o outro denominou-se democrata e, diante do espaço público comportara-se como tal. Ser democrata é mais louvável do que ser tirânico, o julgamento positivo fez da democracia superior, em Atenas e na contemporaneidade Ocidental. Hoje os tiranos se chamam democratas e acusam as democracias de serem tiranias. 

Nas loucas manifestações que houve neste domingo (15) em defesa da liderança populista de Bolsonaro, em meio da pandemia do Coronavírus, o que se viu foi uma típica manifestação de adulação por multidões de um demagogo. Não há nada de novo sob o sol. Os demagogos amam o "povo" que adula a si. Para os demagogos os resultados de eleições só são válidos quando favoráveis. Em 2003 o PT foi derrotado no referendo do desarmamento e não reconheceu o resultado. O pensamento hegemonista do petismo somente aceita resultado eleitoral favorável. Houve um aprendizado com a realidade, a realidade não cabe em nenhuma teoria, o PT ainda não pediu o impeachment de Bolsonaro, como costumava fazer a torto e a direito antes de conhecer o poder e ter que deixá-lo por um impeachment.

Com Fúria e Raiva
Com fúria e raiva acuso o demagogo
E o seu capitalismo das palavras
Pois é preciso saber que a palavra é sagrada
Que de longe muito longe um povo a trouxe
E nela pôs sua alma confiada
De longe muito longe desde o início
O homem soube de si pela palavra
E nomeou a pedra a flor a água
E tudo emergiu porque ele disse
Com fúria e raiva acuso o demagogo
Que se promove à sombra da palavra
E da palavra faz poder e jogo
E transforma as palavras em moeda
Como se fez com o trigo e com a terra
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"

Bolsonaro inaugurou no Brasil a demagogia do líder burro. Rechaçou os resultados das eleições vencidas por ele mesmo. Mas não adianta se impressionar com tamanha burrice, existe uma esperteza autoritária nisso, como eu disse que os demagogos só reconhecem as vitórias eleitorais quando favoráveis a si, Bolsonaro quer preparar o terreno para a eventualidade de uma futura derrota: culparia as urnas e colocaria seus rebanhos nas ruas em buscas do sonhado golpe que o colocasse no poder na condição de governar por decretos, sem parlamento e sem judiciário.

O que vimos hoje seria o mesmo se tivéssemos uma manifestação dos militantes do PSTU em defesa do presidente Zé Maria. O coronavírus seria uma sabotagem da burguesia e do grande capital financeiro internacional. Seria invenção da Globo manipulando a tudo e a todos. Hoje o vírus é uma invenção do comunismo chinês. Evidente que a composição do governo Bolsonaro não é apenas na linha da loucura burra que esteve hoje nas ruas, há os elementos liberais e aqueles que aceitam as regras da institucionalidade democrática, os que foram às ruas hoje querem que seja 100% Bolsonaro, para eles só serve aquele que tratar o "mito" como o único ser capaz de conduzir os destinos do país. Bolsonaro fngiu sensatez quando foi à TV pedir a suspensão das manifestações, mas o tiranete não resistiu a adulação das mentes sectárias que foram às ruas.

Curioso que Bolsonaro é o demagogo que não sabe falar, seus seguidores interpretam sua demagogia apenas pela imagem estúpida do ser tapado. É a demagogia da burrice, o rebanho não quer o pastor que o pastorei, ele quer um igual que o lidere.

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