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domingo, 26 de abril de 2020

Bolsonaro nos braços da corrupção



O Presidente Jair Bolsonaro está decidido a governar apenas para seus seguidores fieis, sabe que estes jamais o abandonarão e mandou as favas tudo o mais que o cerque, inclusive ministros. Depois da demissão de Sérgio Moro, outros ocupantes da esplanada saíram à suas redes sociais para jurar lealdade ao Chefe, é o núcleo duro do bolsonarismo, ministros como Weintraub e Ernesto Araújo, pelo lado da seita olavista e, agora o futuro Ministro da Justiça, Jorge Oliveira, por interesses familiares.

A nomeação de Oliveira é diretamente relacionada com a saída de Moro e tem a ver com a interferência que Bolsonaro almeja ter na Polícia Federal. Jorge Oliveira foi chefe de gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Uma ligação muito mais próxima e direta do que a pretendida por Sérgio Moro, que além do mais não precisa de Bolsonaro, pois garantiu seu próprio reconhecimento.

Os grandes jornais do país vêm repercutindo que investigações da Polícia Federal cercam os filhos do Presidente. Segundo a Folha de S.Paulo, a Polícia Federal identificou o vereador Carlos Bolsonaro (RJ) como articulador do esquema criminoso de fake news utilizado para atacar e acuar ministros do Supremo Tribunal Federal e integrantes do Congresso.

Já o outro filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, a muito se ver envolvido em acusações  das chamadas "rachadinhas" e, ontem (sábado - 25) surgiu um novo capítulo de maior gravidade ainda. Segundo uma reportagem do site The Intercept o dinheiro desviado da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, através do esquema de ‘rachadinhas’ feito entre o então deputado estadual Flávio Bolsonaro e assessores, foi utilizado na construção de prédios ilegais pelas milícias nas favelas de Muzema e Rio das Pedras.

Mais um filho de Bolsonaro, o Eduardo, também se vê às voltas com sérias acusações. Documentos fornecidos pelo Facebook à CPI das Fake News indicam a ligação entre o gabinete do deputado e ataques virtuais contra parlamentares e ex-ministros críticos ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Recentemente o deputado entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a Corte suspenda a prorrogação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News.


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Diante de tudo isso, somando-se a queda de popularidade e os atritos com os presidentes das duas casas do Congresso, Bolsonaro se aproxima do Centrão, negociando cargos, no intuito de poder interferir nas eleições para as mesas da câmara e do senado para o biênio 2021-22.

Nos últimos dias, informa O Globo, o governo federal ofereceu a chefia de três importantes feudos de indicações políticas: Banco do Nordeste, FNDE e Codevasf.

Entre os partidos beneficiados estão PP, Republicanos e PL.

A Codevasf, com orçamento de R$ 1,62 bilhão, tem superintendências cobiçadas por políticos e hoje é controlada por Marcelo Andrade Moreira Pinto, indicado de Elmar Nascimento (BA), ex-líder do DEM na Câmara.

Já o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com verba de R$ 54 bilhões, chegou a ser controlado de agosto a dezembro do ano passado por Rodrigo Sergio Dias, indicado do PP. Em janeiro, foi nomeada para a presidência a gestora Karine Silva dos Santos, devido ao "perfil técnico", segundo o Ministério da Educação.

O Banco do Nordeste, com orçamento de R$ 29 bilhões, é alvo de especulações desde o início do governo Bolsonaro. O atual presidente é Romildo Rolim, apadrinhado de Eunício Oliveira. Em maio do ano passado, o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), chegou a ser procurado para indicar um nome para o órgão, mas a negociação acabou não indo para a frente.

Segundo uma reportagem da CNN, pelo acerto discutido na terça-feira (21) por integrantes do Centrão com o governo federal, o PL, de Valdemar Costa Neto, ficará com a presidência do Banco do Nordeste e a secretaria de vigilância em saúde no Ministério da Saúde.” Outros veículos apontam que quem ficará com o Banco será o PP, do deputado federal Arthur Lira, investigado na Operação Lava-Jato.

O Presidente também ensaia uma aproximação com Roberto Jefferson, presidente do PTB, delator do mensalão, com passagem por diversos governos, de Collor a Lula e, condenado no próprio mensalão. Cogita-se até mesmo a recriação do Ministério do Trabalho para abrigar o PTB de Jefferson, onde estava no Governo Temer.

A impopularidade joga Bolsonaro nos braços do centrão, lugar, por sinal, de onde veio. Bolsonaro já foi membro do prórpio PTB e, também do PP de Paulo Maluf.

Como disse o colunista da folha, Bruno Boghossian, neste domingo (26), "Bolsonaro quer uma República a seus pés"? 

O presidente quer convencer seus seguidores de que a eleição lhe conferiu poderes para impor suas vontades e submeter estruturas independentes a seus desejos. Bolsonaro quer uma república a seus pés.
Bolsonaro foi a grande inversão dos planos da Lava-Jato e de toda a onda que prosseguiu os movimentos de junho de 2013. O PSL que se tornaria Livres, um movimento autenticamente liberal, acabou se tornando o abrigo de um anacrônico militarismo iliberal. As pretensões de posturas republicanas que mobilizaram e animaram toda a nação acabam se transformando em uso das instituições para satisfação de vontades particulares e de caprichos de filhos de presidente da República que mais se comportam como príncipes de alguma fictícia monarquia ultrapassada.

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