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quarta-feira, 22 de abril de 2020

Croniqueta: Na minha biblioteca ouvi a Constituição relinchar



Foi de madrugada. Chovia a cântaros. Nestes último dias de abril o sertão potiguar anda bastante chuvoso. E isso é tempo bom em terras caatingueiras. A caatinga está um poema verde. Tempo bom para escrever noite adentro. Mas, nesta madrugada, enquanto lia um livro de filosofia jurídica ouvi a Constituição relinchar do lado do meu Crime e Castigo. Foi tão grande o rincho que o meu Zaratustra correu para alguma caverna e ainda não consegui encontrá-lo.

A Constituição é Bolsonaro. Oh, Nietzsche, como pode uma constituição que nunca leu a si mesma? Constituição que não conhece a própria língua na qual está escrita. É uma constituição desordenada. Como pode isso? 

O termo Constituição vem do latim constitutio, que significa ordem, coisa estabelecida, definição. E a Constituição que não sabe falar e que parece um vagabundo briguento adora destruir a si mesma! Oh, Raskolnikov, dai-nos o machado.

A Constituição quer suicidar-se. Não demora e se joga dalguma ponte. Ou então coloca bombas nas suas folhas e destrói o Congresso e o Supremo. E se ela resolver prender jornalistas e cassar governadores? É melhor amarrá-la bem e aproveitar que há bastante pastagem na caatinga e deixá-la a encher o bucho na engorda. Depois a gente chama um professor para lhes dar aulas de bons modos e literatura universal...

Hoje mesmo, Antônio Conselheiro e sua legião de seguidores já comunicaram ao chefe Euclides da Cunha de que quando aparecer um presidente capaz de falar português com correção no Brasil irão visitar o Juazeiro a pé, em sinal de agradecimento. Rui Barbosa também quererá ir...

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