Quebra de procura por causa do novo coronavírus anula crescimento dos últimos 10 anos, segundo relatório da Agência Internacional de Energia.
Diogo Ferreira Nunes - Dinheiro Vivo
2020 vai ficar marcado pela maior quebra de sempre na procura de petróleo. A previsão é da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla original) e foi tornada pública esta quarta-feira, três dias depois do acordo da OPEP e dos países aliados para a redução da produção de petróleo em 9,7 milhões de barris/dia a partir de 1 de maio.
O corte acordado no domingo fica pouco acima da redução da procura estimada para 2020. A IEA, no relatório mensal, antecipa uma quebra recorde, em média, de 9,3 milhões de barris/dia, o que anula praticamente todo o crescimento verificado na última década.
Se olharmos para o cenário do mês de abril, o impacto é muito mais forte: este mês vai ficar marcado pela quebra de procura de 29 milhões de barris de petróleo/dia, atirando este indicador para o nível verificado há 25 anos, em 1995. Maio não será um mês muito melhor, com uma quebra de procura de 26 milhões de barris por dia. Em junho, a redução será de 15 milhões de barris/dia.
“Não há um acordo razoável que possa cortar suficientemente a oferta para minorar efeitos tão devastadores no curto prazo”, refere a agência. “Ainda assim, os progressos da semana passada são um começo forte”, acrescenta a IEA.
As próximas semanas também vão ser um desafio logístico: no final do primeiro semestre, haverá 12 milhões de barris de petróleo/dia que ficarão guardados. China, Índia, Coreia do Sul e Estados Unidos já admitiram estar disponíveis para guardar os barris temporariamente.
O relatório também assinala que o investimento das petrolíferas nesta indústria vai cair 32% em 2020, para 335 mil milhões de dólares (305,8 mil milhões de euros). O investimento mais baixo dos últimos 13 anos “põe em causa a capacidade de a indústria petrolífera desenvolver algumas das tecnologias necessárias para promover a transição energética limpa no mundo”, argumento a agência.
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