Sérgio Moro e a pensão - Blog A CRÍTICA

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segunda-feira, 27 de abril de 2020

Sérgio Moro e a pensão



Eis que surge uma mancha na imagem de "incorruptível" de Sérgio Moro. Incorruptível era o líder dos jacobinos, Robespierre, que acreditava que não devia haver vida privada diante dos interesses públicos; já comentei neste blog que Sérgio Moro tem alguma relação com isso, mesmo havendo, após 2013, uma forte tendência para o liberalismo no Brasil e, o liberalismo sabe muito bem distinguir vida privada e vida pública.

Quando despediu-se do Ministério da Justiça numa coletiva, na verdade um pronunciamento, Moro quis utilizar o espaço que tinha já para  preparar, possivelmente, uma candidatura presidencial, e saiu-se muito bem, inclusive causando um estrago bem grande na imagem de Bolsonaro e, colocando-se como alguém que não sucumbe a interesses outros que não sejam o de combater a corrupção; ocorre que deu uma escorregada grave, talvez calculada, imaginando que pudesse ser revelado pelo Presidente e que, portanto, seria melhor adiantar-se: o caso da pensão solicitada para deixar a magistratura e aceitar o Ministério.

Pensão especial, além de não existir na lei, é coisa antirrepublicana e bate de frente com a narrativa defendida pela Lava-Jato. Mas é tipicamente parte da "cultura" de privilégios que existe no Brasil. Pessoas querem ser mais especiais que outras.

Ao invés de se tornar República o Brasil têm tido umas recaídas absolutistas. De pedido de pensão especial até o presidente dizer que é ele a Constituição; também não se pode esquecer dos filhos do presidente que mais se parecem príncipes, com direito até a sala em palácio, mesmo sem ocupar cargo no governo.

Em república e no liberalismo, Estado de Direito Liberal, não existe incorruptíveis, basta que a lei tenha o mesmo valor diante de todos e, que sejam elas, as leis, e leis boas, a origem do governo. Se for para depender de heróis já bastam os demagogos populistas que temos aos montes na América Latina.

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