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segunda-feira, 18 de maio de 2020

A Sua Excelência falta-lhe dimensão humana e política

Cada dia que passa entre o Palácio da Alvorada e o do Planalto, ou em passeios de ‘jet ski’ no lago Paranoá, Bolsonaro empurra para a morte um número indeterminado de brasileiros. Muitos são os que acompanham a sua cartilha de que a pandemia de covid-19 é uma coisinha sem importância. Mas muitos, mais que muitos, são os que deixaram de ter qualquer respeito por Sua Excelência.



por Alfredo Prado

Por mais que alguns dos seus antigos eleitores mais esclarecidos – alguns já não o seriam hoje – lhe digam que o vírus tem manhas ainda não completamente desvendadas e que as mortes são muitas, o presidente teima em deixar-se conduzir pelos seus apetites de poder. E lança o Brasil numa pobreza maior do que a que já existia antes da pandemia. E empurra o país para o caos sanitário.

As mortes, as que são devidamente registradas, são mais de 15 mil e todos os dias são diagnosticados milhares de pacientes com covid-19. Hoje, os hospitais, que deveriam ser espaços de tratamento e de dignidade humana, viraram palco de disputas por um leito para um filho, uma mulher, uma criança atingida pela covid-19, um pai idoso. Enquanto se desenrolam estes dramas em tempos de pandemia, Sua Excelência continua a bolsar ódio e virulência contra a ciência, contra a democracia, contra os que lhe dizem não.

E o país vai-se afundando nas crises. À virulência da covid-19, que a humanidade, de uma forma ou de outra, procura contrariar, reunindo os esforços de milhares de pesquisadores que buscam uma vacina ou, enquanto isso não é conseguido, medicação que limite a perda de vidas,  junta-se a crise econômica, política e social de milhões de brasileiros que, diariamente, engrossam as fileiras do desemprego e da pobreza, longe das quimeras apregoadas pelo economista neoliberal de serviço ao Planalto.

O ditadorzeco de opereta, que prometeu salvar a pátria – tal caricatura de sinhôzinho Malta e da sua acólita viúva Porcina -, ludibriando uma boa parte do país com falsos compromissos de ética, de combate à corrupção e de desenvolvimento, em dezoito meses de poder conduziu o Brasil, isso sim, a maior empobrecimento, ao caos na governação e à instabilidade.

Será um erro pensar, julgo eu, que Bolsonaro, mal visto em todo o mundo, é o único responsável pelo estado em que o Brasil se encontra. Os que o acompanham, os que coabitam com o presidente nos palácios presidenciais, e na Esplanada dos Ministérios, fardados ou não, são parceiros da aventura em que o país foi lançado. Uma aventura que os generais teimam em acoitar ainda que comecem a perceber que certamente não terá qualquer fim glorioso à vista.

Os titubeantes, que habitam outros palácios, ainda podem socorrer este grande, imenso, e rico país, de promissores futuros sempre sonhados mas nunca realizados. Os meios constitucionais estão à disposição. Dos eleitos e do povo que os elegeu. A democracia não pode ser uma figura de retórica. Nem as liberdades de expressão, de manifestação e tantas outras podem ser constrangidas.

Bolsonaro foi uma má escolha. Mas, o pior que há é persistir em erros. As grandes tragédias – está mais que demonstrado em páginas vivas da história recente da humanidade – começam assim. Hoje, é uma evidência que o presidente do Brasil não tem condições para governar. Falta-lhe dimensão humana e política. Sobra-lhe megalomania.

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