As hostes bolsonaristas na internet se regozijaram com a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril passado, data do descobrimento do país por Pedro Álvares Cabral 520 anos atrás, já nem tão lembrada assim. A parte do vídeo mais compartilhada é uma que Bolsonaro diz que os burocratas de Brasília não sabem o que é o povo:
"São pessoas aqui em Brasília, dos três poderes, que não sabem o que é povo. Eu converso com alguns, não sabe o que é o feijão com arroz, não sabe o que é um supermercado. Esqueceu. Acha que o dinheiro cai do céu."
Para os fiéis seguidores e apoiadores, o Presidente, portanto, está do lado do povo. E está mesmo. Não há nada mais volátil do que povo. Quem pode dizer o que é o povo. Povo para políticos populistas só tem valia se o estiver a seguir. Por ser Bolsonaro uma liderança populista com viés autoritário e com pretensão de instaurar uma ditadura por dentro do regime democrático, todas as suas atenções se voltam para ter multidões atrás de si, por isso vai a padarias e come cachorro-quente em ambientes populares, demonstrações primárias de um populismo aberrante.
No vídeo da reunião ministerial, além de falar que os burocratas não sabem o que é feijão, Bolsonaro, que sempre têm suas fixações, diz que pode aparecer alguém que se aproveite do caos econômico advindo do isolamento social , causado pela pandemia da covid-19, para trazer o povo atrás de si e, desse modo, instaurar a ditadura comunista. Ditadura é algo que não sai da cabeça de Bolsonaro.
E, sem neurose da minha parte, tá? O campo fértil pra aparecer um ... uns porcaria aí, né? Levantando a ... aquela bandeira de ... do ... do povo ao meu lado, não custa nada. E o terreno fértil é esse, o desemprego, caos, miséria, desordem social e outras coisas mais.
Não existe povo. Existe pessoas. Indivíduos, Quanto mais civilizado uma nação menos capacidade há de uma ida de um presidente a uma padaria causar aglomerações. Um povo que cria idolatria por políticos está em estado civilizatório inferior. Prato cheio para demagogos e populistas. O presidente de Portugal, Marcelo Rabelo de Sousa, engraxa seus sapatos nas ruas de Lisboa e ninguém se aproxima para chamá-lo de mito ou de Deus, é só mais um cidadão de uma República.
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