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quarta-feira, 6 de maio de 2020

Moro: o matemático



Luiz Rodrigues - Os políticos de destaque todos eles costumam ser bons estrategistas, não há política vencedora sem a capacidade de analisar cenários e de calcular os passos que se deve dar para a ascensão e manutenção no poder. Hoje, o atual presidente, Bolsonaro, é um desastre no sentido de se manter no poder, seu governo é uma fábrica de crises e, no entanto, há quem diga que não passam, as crises, de estratégia.

Lula, por seu lado, sempre soube calcular os seus movimentos no xadrez da política, embora, envaidecido pela popularidade no poder, tenha cometido o erro fatal de indicar Dilma Rousseff para concorrer à presidência. Estratégia fracassada, queria alguém sem expressão para não ofuscá-lo e terminou por, junto com o desastre do governo Dilma, atraindo toda a tormenta para si.

O grande nome do desastre lulista foi Sérgio Moro, que será para sempre na história brasileira, o Juiz da Operação Lava-Jato. Sérgio Moro, assim como Lula, é um grande estrategista só que de um modo diferente. Lula é o típico político que necessita falar, e falar muito; Moro, pelo contrário, age, mesmo depois de se tornar político, como um juiz, sempre procurando demonstrar uma legalidade jurídica de seus atos.

Nem por isso deixa Moro de ser um grande calculista, um verdadeiro matemático. Desde o caso "Bessias", o vazamento de áudios entre Lula e Dilma, motivo pelo qual o juiz Gilmar Mendes do STF, impediu a nomeação pela presidente de então do ex-mandatário para a casa civil. Foi ali que começou a sequência de o poder judiciário impedir a nomeação de ministros pelos presidentes da República, depois veio o caso Cristiane Brasil, durante o governo Temer e, agora, o caso Ramagem, impedido de ocupar a direção-geral da PF pelo juiz Alexandre de Moraes.

Ramagem não é diretor da PF por que no dia da demissão, Moro enviou ao Jornal Nacional da Rede Globo uma troca de mensagens sua com o Presidente Bolsonaro onde aparecia suspeita de vontade de interferência por parte do presidente na polícia judiciária, visando proteger aliados.

Foi Moro um calculista impecável, desde encontrar a hora certa para deixar o governo, assim como, o próprio pronunciamento que fez na coletiva de despedida, até  na hora de prestar seu depoimento na PF no inquérito aberto pelo STF a pedido da Procuradoria-Geral da República para investigar as alegações de interferências feitas por Moro em relação a Bolsonaro. Não atacou o presidente, o que poderia se voltar contra si, já que era membro do governo.

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