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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Opinião: Podemos mesmo ter um Big Brother a vigiar-nos?


Luís Rosa*
O controlo dos cidadãos por meios tecnológicos esbarra sempre na privacidade de cada um
A China avançou com vigilância total e intrusiva. Na Coreia do Sul e Singapura também houve controlo GPS. A Europa estuda como usar a tecnologia para um regresso mais seguro, mas sem violar dados.
Saber onde as pessoas estão e qual é o seu estado em relação à doença (infetados, imunes ou não infetados). Identificar quem esteve em contacto com alguém infetado e informá-lo para poder realizar um teste. Construir modelos com base em informações genéricas cedidas pelas operadoras telefónicas, ou de empresas como a Google, que ajudem a explicar como se desloca a população nos principais pontos de um país ou cidade. E desenvolver algoritmos que analisem a informação de saúde pessoal de cada um de nós (temperatura, tensão, ritmo cardíaco, etc.) para nos informar sobre os riscos que corremos.
Eis quatro exemplos práticos de como a tecnologia ajudou, ou pode ajudar, a combater a pandemia provocada pelo vírus Sars-CoV-2 e, mais importante do que isso, auxiliar os países europeus a levantar o confinamento domiciliário a que a esmagadora maioria reservou mais de 2,5 mil milhões de pessoas desde março e a prepará-los para combater um segundo surto de forma mais eficaz. Essa nova normalidade, contudo, desafia os conceitos de proteção de dados e privacidade individual que a União Europeia tem construído nos últimos anos.
O que vale mais? A saúde pública de uma comunidade ou a privacidade de cada um? Ao contrário dos países asiáticos, que usou a tecnologia para controlar a pandemia ‘por decreto’, a Europa está a tentar construir ferramentas que façam com que esses dois valores sejam compatíveis.
Memorize este conceito: contact tracing. Significa rastreamento de contactos numa tradução livre e é uma espécie de super-ferramenta tecnológica que permite reconstituir uma cadeia de contágio a partir do telefone de uma pessoa infetada e impedir a propagação da doença, ao aconselhar todos os que contactaram com aquele infetado a fazerem o teste para a Covid-19 ou a ficarem em quarentena. É uma forma muito mais eficiente do que as tradicionais entrevistas que os médicos costumam a fazer às pessoas infetadas para conseguirem reconstituir essa mesma cadeia de contágio.
Explicando: cada smartphone, e até mesmo os telefones menos sofisticados, permitem a localização do aparelho através das torres de antenas que as operadoras têm espalhadas pelo país, por Wi-Fi ou até mesmo por GPS (informação por satélite que permite a geolocalização). A simples forma como costuma ligar o telefone ao rádio do seu carro serve para perceber que os telefones também se ligam a outros aparelhos por bluetooth numa espécie de ‘aperto de mão digital’. São precisamente essas ligações — agora ainda mais aprofundadas através do bluetooth low energy — que permite realizar um rastreamento mais eficaz.
Para ver mais, clique aqui.
*Jornalista do Observador.
Fonte: Observador – Portugal

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