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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Por que Bolsonaro quer tanto informações?



O cerne da questão que envolve as acusações feitas por Sérgio Moro ao deixar o governo Bolsonaro é a alegação por parte do ex-ministro de que o presidente queria interferir na Polícia Federal. As provas apontadas por Moro, principalmente, o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, revelam que o presidente reclamava e, indiretamente, dava uma dura no seu Ministro da justiça, de falta de informações.

Na gravação Bolsonaro diz que os serviços de inteligência do Brasil são uma vergonha e que o serviço particular dele funciona:

Eu tenho as ... as inteligências das Forças Armadas que não tenho informações. ABIN tem os seus problemas, tenho algumas informações. Só não tenho mais porque tá faltando, realmente, temos problemas, pô! Aparelhamento etc. 
Quando se fala em vigilância e poder ditatorial do Estado lembra-se logo do romance distópico de George Orwell, 1984. O Grande irmão, Big Brother, seria o recurso da vigilância total, a vida privada dos cidadãos deixa de existir. O domínio absoluto da tirania se faz pela vigilância total. Toda tirania dá máximo valor a sistemas de espionagem.


Bolsonaro reclama de ser informado por terceiros. Na sua mente paranoica, sempre inspirada por regimes ditatoriais e, tendo vivido dentro das forças armadas no tempo da ditadura, ele quer se antecipar nas informações, para facilitar seu modo de agir. Provavelmente, também, para se antecipar nos ataques a adversários e levantar dossiês. Além de proteger-se e a seus filhos de investigações. É o que se atribuiu ao denominado Gabinete do ódio, um órgão de espionagem e disseminação de fake news clandestino comandado pelo filho do presidente, Carlos Bolsonaro.

De certo modo, Bolsonaro acaba confirmando a existência de tal gabinete, sobre o qual já não pairam tantas dúvidas de sua realidade, na reunião ministerial de 22 de abril o presidente reclama da precariedade dos serviços oficiais de inteligência da República e diz que o dele funciona:

O meu, particular, funciona. Os ofi... que tem oficialmente, desinforma [sic]. Prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistema de informações ois dias depois, o mandatário demitiu o então diretor-geral da PF, Mauque eu tenho.
O governo Bolsonaro é uma presidência clandestina dentro da institucionalidade do Estado brasileiro. Apesar de ganho o poder pelas vias normais da República, as eleições, o presidente demonstra total desprezo pela civilidade institucional. É um tipo de governo que procura agir de modo revolucionário por dentro para aniquilar as instituições.


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