Sérgio Moro contra os rebanhos - Blog A CRÍTICA

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domingo, 3 de maio de 2020

Sérgio Moro contra os rebanhos



O que pode destruir uma democracia é um rebanho de seguidores aclamando tudo que um líder político fizer, de forma que dê a esta liderança força tamanha com a qual possa manipular todas as instituições a seu favor. Foi o que fizeram Adolf Hitler e Hugo Chavez, sem que tenha havido uma tomada de poder pela força.

No Brasil da Constituição de 1988 conhecemos até aqui dois grupos muito homogeneizados e com tendência a se manter firme no apoio a seus líderes: o lulismo desde o princípio e, mais recentemente, o Bolsonarismo.

O Brasil soube demonstrar alguma resiliência, nunca o lulismo conseguiu vencer uma eleição com forças próprias, sempre que ganhou possuía alianças com partidos de centro e de centro direita; o bolsonarismo, por seu lado, ganhou praticamente sozinho o pleito de 2018, numa eleição muito atípica, fragmentada em candidaturas, mas polarizada entre os dois movimentos personalistas. Mesmo assim, não houve uma votação esmagadora no bolsonarismo, menos de 58 milhões de votos, de um total de 147,3 milhões de eleitores aptos a votar nas Eleições 2018.

Felizmente, depois de estar no poder, Bolsonaro viu crescer oposições de todos os lados. Temos sociedade civil. A imprensa cumpre papel brilhante, desde o início do malfadado governo sempre revelou furos de reportagens que depois vieram a se confirmar, da expulsão de Gustavo Bebianno do governo até o recente pedido de demissão de Sérgio Moro. A imprensa, por sinal, é o inimigo predileto de Bolsonaro, e isso não é atoa.

A imprensa bolsonarista se concentra na internet, apesar de ter o apoio de três das cinco principais redes de televisão do país, não é possível haver hegemonia jornalística. Desse ponto de vista, a imprensa cumpre belíssimo papel de manutenção de ordem democrática, já que o país vê a sucessão de duas forças hegemonistas no poder, vinte anos com a Constituição sob a mira do hegemonismo.

O ex-ministro Sérgio Moro, segundo ele mesmo, entregou vasto conteúdo probatório durante o seu depoimento na Polícia Federal neste sábado (02) contra o Presidente da República, atingiu de morte, por vias judiciais, os dois rebanhos, o petismo, quando chegou a sentenciar a prisão de Lula e, agora com a possibilidade de sacramentar a queda do bolsonarismo.

Resta saber se não constituirá Moro também seu próprio rebanho, ontem mesmo já havia seguidores seus envolvidos em brigas com bolsonaristas. Por quê o Brasil não aprende a votar republicanamente, sem necessitar formar rebanhos, quando nas Repúblicas os presidentes são mais efêmeros do que o próprio voto? 

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