Lusa - O Papa Francisco condenou hoje quem se quer apropriar de futuras vacinas contra a covid-19 e tentativas de aproveitamento político e econômico da pandemia, apelando aos políticos e às sociedades para defenderem o bem comum.
Em declarações na audiência geral no interior do palácio papal - e não na Praça de São Pedro ou na Sala Paulo VI, como era habitual antes da pandemia -, o líder da Igreja católica alertou para os riscos de uma "cultura do egoísmo, da indiferença e do descartável", defendendo uma resposta assente em valores como "criatividade, confiança e solidariedade" contra o SARS-CoV-2, o novo coronavírus que provoca a doença covid-19.
"Infelizmente, estamos a assistir ao aparecimento de interesses partidários. Há quem deseje apropriar-se de possíveis soluções, como no caso das vacinas. Alguns aproveitam a situação para fomentar divisões, para procurar vantagens econômicas ou políticas, gerando ou aumentando conflitos. Outros simplesmente não se importam com o sofrimento dos outros, caminham sobre ele e seguem o seu próprio caminho", afirmou, enfatizando a dimensão da "crise social e humana" provocada pelo novo coronavírus.
Sublinhando que o "vírus não conhece barreiras, fronteiras ou distinções culturais e políticas", o papa defendeu a importância da construção de uma "civilização do amor" que inclua os mais vulneráveis e a esperança em soluções políticas, apesar de reconhecer que, "muitas vezes, a política não goza de uma boa reputação" social.
"É necessário ter uma boa política, que coloca a pessoa humana e o bem comum no centro", referiu, acrescentando: "A crise que vivemos devido à pandemia atinge toda a gente; podemos sair dela melhor se todos juntos procurarmos o bem comum. Se não, sairemos pior".
Francisco salientou ainda que "o bem comum requer a participação de todos" e que se cada indivíduo "fizer a sua parte", sem deixar ninguém para trás, será possível "regenerar boas relações a nível comunitário, nacional e internacional e também em harmonia com o ambiente".
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 893.524 mortos e infectou mais de 27,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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