Artigo de José Eustáquio Diniz Alves
Gigante pela própria natureza
És belo, és forte, impávido colosso
E o teu futuro espelha essa grandeza”
(Hino Nacional Brasileiro)
A ideia do Brasil potência (“Gigante pela própria natureza”) é uma constante na história nacional. O discurso público aponta o Brasil como um dos países de maior crescimento econômico no século XX e início do século XXI.
De fato, o Brasil aumentou bastante a sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) global nos últimos 120 anos, pois a população brasileira cresceu 10 vezes no século passado (de aproximadamente 17 milhões em 1900 para 170 milhões de habitantes em 2000) e o PIB cresceu cerca de 5% ao ano.
Mas quando se considera a renda per capita, o crescimento do Brasil não foi tão expressivo. A renda per capita brasileira cresceu 14,9 vezes entre 1900 e 2018, ficando em 7º lugar entre os países que tiveram maior crescimento da renda per capita no período, segundo o projeto Maddison (2020), para os países com dados no período.
A renda per capita de Taiwan cresceu 41,4 vezes em 118 anos (2,5 vezes mais do que o Brasil entre 1900 e 2018). Também tiveram melhor desempenho do que o Brasil, os seguintes países Romênia, Singapura, Malásia, Noruega e Japão. Nota-se que, no período de 1900 a 2018 o Brasil teve um crescimento da renda per capita superior ao da China que passou por várias “turbulências internas” na primeira metade do século XX.
Considerando um período mais recente (1950 a 2018) a “excepcionalidade” brasileira é ainda mais tímida. A renda per capita brasileira cresceu 6,3 vezes entre 1950 e 2018, ficando em 49º lugar entre os países que tiveram maior crescimento da renda per capita no período, segundo o projeto Maddison (2020), para os países com dados no período, conforme o gráfico abaixo.
A renda per capita da Coreia do Sul cresceu 38 vezes entre 1950 e 2018 (6 vezes mais do que a renda do Brasil). A China cresceu 16,4 vezes. O Japão cresceu 12,6 vezes. Índia, Indonésia e Vietnã são países asiáticos que tiveram crescimento maior da renda per capita, quando comparadas ao Brasil. Na América Latina, Porto Rico, República Dominicana e Panamá também tiveram melhor desempenho do que o Brasil no período.
E a situação ficou crítica, pois o Brasil tem crescido menos do que a média mundial desde 1980, quando ocorreu a primeira década perdida do país entre 1981-90. As duas décadas seguintes houve crescimento da renda per capita, mas abaixo da média mundial. E o pior de tudo aconteceu entre 2011-20, que é considerada a segunda década perdida, e quando a renda per capita brasileira teve a sua maior queda.
Ou seja, o Brasil nunca foi o país de maior crescimento da renda per capita do mundo, mas era um dos países de destaque no cenário internacional entre 1900 a 1980.
Contudo, a partir de 1981 o Brasil deixou de ser emergente para ser submergente e já caminha para a sua terceira década perdida.
Se nada for feito para mudar esta situação o Brasil vai deixar de ficar preso na “armadilha da renda média” para iniciar um processo de volta ao time de países frágeis e de renda baixa.
Pode virar um nanico a despeito do tamanho do território e da grandeza da natureza que está sendo destruída a ferro, gado, garimpo, commodities e fogo.
Referências:
ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020 https://www.ecodebate.com.br/2020/03/09/a-pandemia-de-coronavirus-covid-19-e-o-pandemonio-na-economia-internacional-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 29/01/2021





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