A poetisa Constância Uchôa trouxe em versos um poema sobre um galo botador de ovos, lembrei-me então da passagem do Auto da Compadecida de Ariano Suassuna quando Chicó conta a mentira de que já teve um cavalo bento e João Grilo pergunta se ele quem pariu o animal:
João Grilo: Quando Você teve o Bicho? Por um acaso foi você quem pariu o cavalo, Chicó?
Chicó: Eu Não, mas do jeito que ta não me admira mais nada. No mês passado uma mulher lá pros lados da serra do Araripe, No ceará, pariu um.
O Auto da Compadecida, apesar das diferenças da peça para a adaptação feita pra TV, ganhou notoriedade jamais vista por uma obra teatral no Brasil, tornando-se numa espécie de conto popular da era da TV.
Galo esperto, pra não morrer começou a botar ovos, uma esperteza digna de um João Grilo!
***
O GALO DOS OVOS NÃO GOROS
(Constância Uchôa)
Chico até botou um ovo,
Para não ser abatido;
O fato foi repetido,
No outro dia de novo,
Nove ovos, nove feitos,
Foram feitos sem defeitos,
Do pinto que viu crescer;
Nos ovos não tinha ouro,
E o galo esticou o couro,
Para não ter que morrer.

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