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quinta-feira, 29 de abril de 2021

Bolsonaro com borrascas no horizonte

Apesar de a média diária de mortes por covid-19 no Brasil ter tido nos últimos dias um pequeno recuo – não se sabe se ocasional ou se se trata de um declínio real, em função do crescimento do número de pessoas que já foram inoculadas com a primeira dose das vacinas – o país continua a viver dias de agonia. Bolsonaro continua a ser o protagonista principal e visível das tragédias em que o país foi mergulhado.



por Alfredo Prado - Cartas de Brasília


Dias de agonia pelas mortes que já vão a caminho das quatrocentas mil, agonia pela crise que atinge a economia, com milhões de desempregados e desalentados, e agonia pela manutenção no Palácio do Planalto de um governo que parece tratar o país como se fosse o quintal de despejos de uma mansão de ricaços ou de um quartel.


Perante o estado geral do Brasil,  crescem as vozes dos que afirmam que cabe aos políticos, leia-se aos parlamentares, amparados pelo texto constitucional, por um ponto final nos desmandos presidenciais.  A verborreia e as omissões e os atos de Bolsonaro são responsáveis diretos pela perda de milhares de vidas, além daquelas que sucumbiram à letalidade de um vírus que se espalhou pelo planeta, derrubando homens, mulheres e também crianças, estas ainda que em número relativamente reduzido, sem olhar a nacionalidades, raças, crenças ou ideologias.


As declarações do general Luiz Eduardo Ramos, chefe da Casa Civil de Bolsonaro, que confessou  ter tomado a vacina contra a covid-19 às escondidas, revelam bem o ridículo a que se dispõem os próximos do presidente, no afã de tentarem salvar a imagem do ex-capitão que se sente cada vez mais ameaçado pela perda de sustentação política.


A instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, com o propósito de investigar os atos e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia, é olhada nos corredores palacianos como um sério revés político. Fracassada a tentativa de impedirem a criação da CPI, os senadores aliados de Bolsonaro empenham-se agora em expedientes e recursos fora da Casa parlamentar, recorrendo aos tribunais e, hoje, ao Supremo Tribunal Federal (STF), na tentativa de inviabilizarem os trabalhos da CPI.


Bolsonaro e os seus correligionários no Planalto e na Esplanada dos Ministérios, fardados ou desfardados, conhecem o que todos conhecemos, isto é, sabe-se como uma CPI começa mas não como termina. E Bolsonaro e os seus ministros, nomeadamente o ex-ministro da Saúde, o general Pazuello, cumpridor zeloso das vontades presidenciais, têm muito a que responder ao Senado.


Apenas nas primeiras 24 horas após a sua instalação, a CPI da Pandemia acolheu 176 pedidos de informação a órgãos públicos e convocação de ministros, ex-ministros e outras figuras do governo federal. Entre eles, o atual ministro da Saúde, Manuel Queiroga, o seu antecessor,  o general Eduardo Pazuello, e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Os pedidos estendem-se a outros participantes, como o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten, e Filipe Martins, assessor para assuntos internacionais do presidente da República.


O horizonte político de Bolsonaro parece estar, cada dia que passa, mais envolto em nuvens plúmbeas de tempestade, como as que frequentemente cobrem os céus de Brasília em horas de borrasca.


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