Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil, artigo de José Eustáquio Diniz Alves
Entender a história e a dinâmica das transições que ocorrem no país é essencial para se erguer, no século XXI, uma nação estruturada na concepção de equidade, justiça, prosperidade e felicidade
O Brasil completará 200 anos da Independência, no dia 07 de setembro de 2022. Na verdade, ao longo dos séculos, foram muitas as ações em defesa da Independência desenvolvidas por múltiplos atores e, em grande parte, a luta pela Soberania Nacional continua. A data oficial, mais que uma efeméride, será um momento de avaliação, aprendizado e reflexão.
Existem fundamentos da nacionalidade brasileira que permanecem ao longo do tempo, assim como há grandes mudanças estruturais na organização da economia e na composição demográfica do país. Muita coisa aconteceu nos dois últimos séculos da história brasileira e é preciso conhecer o passado, para entender o presente e planejar o futuro. O livro “Demografia e economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI” pretende colaborar para a reflexão da história brasileira, dando ênfase para as questões demográficas, o mercado de trabalho, as desigualdades de gênero e os desafios econômicos da nova configuração do país.
O Brasil, na época da Independência em 1822, tinha uma economia pequena, agrária e rural, um regime autoritário, patrimonialista, escravista e sexista e uma sociedade de baixa renda com a maior parte da população analfabeta e enfrentando altas taxas de mortalidade e natalidade. Mas com o crescimento da população e da economia o Brasil se tornou uma das 10 maiores nações em termos demográficos e econômicos.
As transições urbana e demográfica foram grandes conquistas. A esperança de vida ao nascer que estava em torno de 25 anos no início do século XIX, ultrapassou 75 anos em 2019. O tempo médio de vida foi multiplicado por três vezes. A maior longevidade da população foi essencial para o acúmulo do capital humano e para o aumento da produtividade geral de uma economia urbana, industrial e de serviços. Além da queda da mortalidade, houve uma mudança cultural fundamental que possibilitou a queda da taxa de fecundidade, quando os casais mudaram o investimento na formação das famílias, ao invés da quantidade, passaram a investir na qualidade de vida dos filhos.
A transição demográfica é um fenômeno por excelência da modernidade e acontece de maneira sincrônica com o desenvolvimento socioeconômico. Este novo padrão demográfico é, inexoravelmente, acompanhado por uma transição da estrutura etária que, por sua vez, gera uma janela de oportunidade que favorece o desenvolvimento humano e possibilita um salto na qualidade de vida de toda a população.
O Brasil é uma nação erguida a partir de diversas conjunturas históricas e que se encontra ainda em processo de construção. No momento da chegada da corte portuguesa, em 1808, não existia unidade entre os vários núcleos coloniais do país, sendo que alguns se comunicavam diretamente com a metrópole em Lisboa. A Independência, em 1822, teve o inegável mérito de internalizar o controle em relação às decisões definidoras sobre os rumos nacionais e consolidar a unificação do território, assim como a edificação de um sentimento de Pátria. Mas a arquitetura social e política brasileira se deu de forma heterogênea e fortemente marcada pela desigualdade.
A população brasileira avançou em termos quantitativos e qualitativos, apresentando, progressivamente, melhores indicadores gerais de desenvolvimento humano. Mas nada é permanente e tudo está sujeito a transformações. Passado, presente e futuro estão sempre se interagindo e se autocondicionando. Nas comemorações do bicentenário da Independência o Brasil se debruça sobre uma herança complexa e cheia de elementos contraditórios. Entender a história e a dinâmica das transições que ocorrem no país é essencial para se erguer, no século XXI, uma nação estruturada na concepção de equidade, justiça, prosperidade e felicidade.
O livro “Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século XXI”, escrito pelo demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, com a colaboração do engenheiro e consultor econômico na área de seguros, Francisco Galiza, fornece um amplo panorama da realidade demográfica, econômica e social do Brasil com uma visão da dinâmica de longo prazo. O livro será lançado no dia 16 de maio de 2022 e estará disponível on line e com acesso livre, a partir da data do lançamento.
José Eustáquio Diniz AlvesDoutor em demografia, link do CV Lattes:
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 11/05/2022
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