- Preço da cesta básica variou de 5% a 10,7% no mês
- 40 dos 51 produtos pesquisados aumentaram de preço em todas as capitais.
- Aumento da cesta básica em 6 meses atinge 28% em Salvador.
Maio de 2022 - O valor médio da cesta de consumo básica de alimentos de abril/22 aumentou em relação ao mês anterior em todas as oito capitais analisadas mensalmente pela plataforma Cesta de Consumo HORUS & FGV IBRE, com aumentos recordes, que variaram de 5% a 10,7%.
As maiores altas foram registradas em Curitiba (10,7%), Belo Horizonte (9,6%) e São Paulo (7,8%), em relação aos valores de março/22. As capitais Manaus e Fortaleza apresentaram as menores altas, com 5,0% e 5,1%, respectivamente, ainda assim bem significativas, considerando que a variação se refere ao período de apenas um mês.
Dos 18 produtos da cesta básica, 13 apresentaram aumento de preço em todas as capitais. Os únicos itens que apresentaram comportamento de queda no preço em algumas das capitais foram as carnes bovinas e suínas.
As maiores altas foram no Leite UHT, Óleo de soja, Margarina, Massas alimentícias, Manteiga, Frango, Café em pó e grãos, dentre outros listados nas tabelas abaixo. Frutas e legumes continuam apresentando alta nos preços, mantendo a tendência dos últimos meses, agora acentuada pela crise de abastecimento dos fertilizantes, em função da guerra, uma vez que a Rússia é um dos principais exportadores desse insumo para o mundo.
O preço do óleo de soja, por sua vez, ainda sofre impactos pela quebra de safra devido à estiagem no Sul do Brasil. Além disso, houve quebra de safra do óleo de palma na Ásia, reduzindo no Brasil a oferta de óleo de dendê, mais consumido por ser mais barato. Por fim, a guerra resultou em menor oferta de óleo de girassol, dado que a Ucrânia e a Rússia respondem por 77% da exportação desse produto. Com a redução de oferta dos óleos de palma e de girassol, houve aumento significativo da demanda mundial por óleo de soja, levando seu preço às alturas. Junta-se a isto o crescente interesse por biodiesel, que tem o óleo de soja como a principal matéria-prima, devido à alta no preço internacional do petróleo. Todos esses fatores podem ter contribuído para o aumento do preço no mercado nacional, levando a variações de preço de até 18,3% no mês.
Já os preços das massas alimentícias foram impactados devido ao aumento internacional do preço do trigo, decorrente da guerra entre Ucrânia e Rússia, que são grandes exportadores do produto.
O aumento do preço dos ovos é consequência, principalmente, de dois fatores. Um deles é a alta procura do produto, como uma alternativa de proteína mais econômica, em função do aumento de preço das carnes. Outro fator é o aumento dos custos de produção, em especial do milho, usado na ração para alimentar as galinhas, que tem apresentado alta de preços como reflexo de fatores climáticos, como as geadas e estiagem, que ainda prejudicam algumas regiões.
Os problemas climáticos também têm sido o principal motivo de aumento de preço do feijão, devido à quebra de safras e consequente redução da oferta no mercado. Já o aumento do preço do arroz deve-se, principalmente, ao aumento dos custos de produção, devido à alta de preços dos insumos utilizados na lavoura.
Os legumes continuam apresentando altas expressivas de preços de na maior parte das capitais, pressionados, principalmente, pelo aumento do preço da cenoura e da batata, que tem sido impactado pelas fortes chuvas que prejudicaram a colheita nas principais cidades produtoras desde o fim de 2021. O mesmo vale para explicar a alta do preço das frutas.
Cabe destacar que, mesmo com a estabilidade dos fatores climáticos ao longo do ano, a guerra também deve contribuir para que os preços desses produtos, que vêm das lavouras do campo, se mantenham altos.
“A Rússia é um dos principais exportadores de fertilizantes do mundo, e o Brasil depende fortemente daquele país para o fornecimento desse insumo largamente utilizado em lavouras do país, o que tende a aumentar os custos de produção e, consequentemente, a pressionar os preços de legumes, frutas e verduras para cima”, diz Luiza Zacharias, Diretora de novos negócios da HORUS.
A variação acumulada no valor da cesta básica, nos últimos 6 meses, foi diferente entre as capitais, variando de 9,1% no Rio de Janeiro e alcançando 28,3% em Curitiba.
A cesta mais cara foi a do Rio de Janeiro (R$ 884,97), seguida pelas de São Paulo (R$ 867,41) e Fortaleza (R$ 766,50). Por outro lado, as capitais Belo Horizonte (R$ 615,96), Manaus (R$ 648,75) e Brasília (R$ 693,98) registraram os menores valores.
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