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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

A reeleição é um mal entre nós



Costume americano inaugurado por George Washington, não fez parte da vida política brasileira até 1998; mesmo tendo sido a nossa República de 1889 inspirada na coirmã do norte. A única exceção havia sido o Rio Grande do Sul, o estado gaúcho, durante a 1ª República, fora governado por poucos caudilhos que se utilizavam de um dispositivo da Constituição estadual positivista escrita a mão única por Júlio de Castilhos para obterem sucessivas reconduções ao posto de presidente de estado; isso mesmo, fora os gaúchos todos os demais brasileiros somente vieram a conhecer reeleição no executivo no recente fim de século XX. Tivemos até ditadura com mandatos únicos e definidos para simular costumeira legalidade. Curiosamente, até hoje, de 1998 para cá, os sul-riograndenses jamais reelegeram um governador.


Contradição. Fernando Henrique Cardoso, o mais inusual presidente da 6ª República, e isso é um elogio. Nas democracias preferem-se os idiotas, os bobalhões e os imbecis. FHC, por outra banda, é intelectual; intelectuais são péssimos políticos. Apesar de no caso do ex-presidente em questão, ter tido um primeiro mandato de muito êxito. Para decidir pela reeleição, nunca antes experimentada, creio que o sociólogo deve ter mirado nos Estados Unidos, tecido alguns solitários argumentos e chegado a uma conclusão, um intelectual muitas vezes se autoengana, primeiro conclui para depois gerar os argumentos. Errou, somente reconheceu recentemente o erro, mais de 20 anos depois.


Não presta. FHC escondeu uma grave crise fiscal durante o período eleitoral daquele ano e teve um segundo mandato muito aquém do primeiro. O mesmo foi feito pela Dilma em 2014. Vimos a ex-presidenta (parafraseando a Rui Barbosa) derreter dias depois das eleições de segundo turno daquele ano, ao trocar Guido Mantega por Joaquim Levy. Crise tenebrosa, depois de prometer fazer o diabo para ganhar as eleições.


Lula se reelegeu em 2006 e sentiu-se confiante pra borrar a tão propalada carta aos brasileiros, foi deixando a austeridade de lado para iniciar uma gastança, alargada, depois de 2011, por sua sucessora. Se contradisse ao fazer o que pretendia fazer antes de perder 3 eleições seguidas.


E, agora em 22, vemos de novo o diabo à solta numa verdadeira farra de gastos públicos em nome da reeleição do atual presidente. O governo de plantão, para se reeleger mobiliza o grande poder da máquina federal para entregar "bondades" momentâneas, que no geral têm se tornado maldades duradouras.

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