LUIZ RODRIGUES
Ganhou o Lula! Não era nada difícil de se imaginar, já que das últimas seis eleições o demagogo de Caetés ganhou cinco, duas delas com um poste sem luz chamado Dilma Rousseff. É o Nordeste, É Canudos! Ariano Suassuna, alçado à condição de popstar da internet pelas "aulas espetáculo" digitalizadas nos seus últimos anos de vida, alertava: "quem não entender Canudos não entende o Brasil". O Brasil ainda clama por um guia "material", que lhes dê o que comer e paz de espírito. Sob a força doutrinária de intelectuais e professores universitários achou-se a ponta de lança para se conduzir os delírios marxistas dos urbanizados sonhadores com a Canudos socialista. O demagogo se fartou no banquete da vitória, falou pelos cotovelos na Paulista, o coração da modernidade brasileira. Falou de tudo e não disse nada. Antes de morrer os moribundos costumar dar um último esporro. A imprensa se refestelava, o pavor de tempos atrás agora era a salvação do mal maior emergido das profundas da internet: o bolsonarismo.
Já muito se fala que o Lula não terá vida fácil no seu último mandato. Oposição de direita com expressiva força no Congresso, não mais somente a direita centrão de 2003, que naquela altura não participava da formação do discurso, apenas mirava cargos e verbas; tem-se agora uma direita convicta que não deixará barato o avanço das pautas do Governo no parlamento. Aqui se faz aqui se paga! Projeta-se para o Lula o tipo de oposição que ele liderava no passado, sobretudo contra o Presidente Fernando Henrique, oposição pra tumultuar. Com uma novidade: deve ser a primeira vez que o Lula enfrentará do poder oposição de rua.
Vimos ontem um Brasil que necessita de uma grande novidade mas que ainda não pode se libertar das neuroses que o prendem. Uma eleição tomada de delírios, uma luta do bem contra o mal de lado-a-lado e, a inversão da vida democrática: o seu candidato é o único que pode salvar a democracia, quando na verdade, se a democracia depende de uma só pessoa ela sequer existe. É um Brasil imaturo e enviesado de pessoas que sonham com serviços públicos para todos e que abominam o setor privado da economia, desprezam o lucro e querem gordos salários de servidor público concursado e, do outro lado, os que não querem comer os cachorros de rua, como se faz na Venezuela.
A paranoica luta chacoalha o Brasil e nos faz fazer que todas as coisas que nos movem já não fazem sentido. Mas toda a sofisticação das modernidades da era da informática se misturam com ideias e crenças atrasadas, tudo causada pela secular desigualdade que formatou essa gigantesca nação tão imensa quanto diversa e surpreendente.
O que se viu ontem foi que o Lula é bem maior que o PT. O Brasil rachado e sem conhecer a si mesmo, o desrespeito dos mais abastados ao terem o mesmo tamanho de quem não tem quase nada e, um retorno do Lula 20 anos depois de sua primeira vitória, quando ainda sequer existia o Facebook e, um país politicamente absolutamente mudado, porém confuso.
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