Acabou o jogo. Chegou o momento do apito final. Apagam-se as luzes. A torcida silencia. Pelé desce para o vestuário da eternidade. A bola perdeu o seu melhor parceiro. Fim de partida na hora da partida do camisa 10. Edson não podia ser Pelé para sempre. Os reis também morrem.
Imaginava que a morte de Pelé causaria enorme repercussão, mas quando ela aconteceu houve uma transubstanciação para o menino, sim o velho será esquecido, ficará o mito do jovem atleta. Pelé foi o grande popularizador do futebol, quem veio depois não pode ser melhor de quem fez a estrada.
A fama mundial era muito maior do que imaginávamos. Jornais de todas as partes do mundo renderam homenagem ao esportista nas suas primeiras páginas. Alguma coisa esse homem fez. Coisa sem importância mas que desperta o interesse de tanta gente só pode ter alguma importância.
Há os que acusam de idiotas os que reverenciam o esporte, os que celebram a vitória no campo de futebol. Alienação, dizem. Não terá sido o jogo o causador da civilização? Os gregos rendiam coroas de louro ao vencedor olímpico. Tudo que a humanidade precisava fazer foram os gregos que disseram.
A morte consagra os heróis, todos humanos, imperfeitos, às vezes capazes de praticar atos nefastos. De David a Aquiles, os heróis tinham fraquezas, cometiam crueldades, o Pelé viveu muito além dos seus tempos de glória. A morte se encarregou de transformar tudo. Morreu o homem, efluiu o garoto jogador.
O inexpugnável poder da morte sobre a vida. O herói vivo é fraco, é falho. Só a morte tem o poder de purificar o herói. Os homens construíram a civilização em honra à morte. Olhe as pirâmides do Egito, os templos caíram, os deuses foram substituídos mas a consagração da morte está lá naquelas tumbas alucinantes.
Pelé está morto. Completou-se a partida. A taça para sempre foi erguida.
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