Por causa disso, Paulo Feldmann desaconselha que aposentados e pensionistas contraiam esse tipo de empréstimo
Por Sandra Capomaccio - Jornal da USP
O empréstimo consignado é uma excelente alternativa para quem precisa de um dinheiro extra para pagar dívidas ou adquirir um bem, mas pagando menos juros e com menos burocracia. Porém, a atual situação do País não permite que esse tipo de empréstimo seja tão vantajoso quanto se imagina.
Paulo Feldmann, professor de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, explica que a modalidade surgiu há mais de 30 anos como um benefício da empresa a seus empregados.
Com o passar dos anos, o crédito consignado começou a incluir outras categorias, como aposentados e pensionistas. O fato é que os juros estão muito altos para que os inativos entrem nesse modelo de empréstimo. O especialista não recomenda.
Dados do Banco Central mostram que 14 milhões e meio de aposentados e pensionistas buscaram o crédito consignado em janeiro deste ano. Sete em cada 10 inativos que utilizam esse crédito tem renda mensal de até dois salários mínimos.
Limite
O INSS e o Ministério da Previdência decidiram que a nova taxa de juros do consignado está limitada em 1,97%. A crise desse tipo de empréstimo, na verdade, tem relação com a taxa de juros oferecida no País. O professor da USP entende ser incoerente uma taxa de juros tão alta para um tipo de empréstimo no qual não existe risco para os bancos.
Em contrapartida, os bancos preferem não ceder o crédito consignado e levar vantagens em outros produtos que têm taxas mais atrativas, entre 2,5% a 3% ao mês. O Brasil hoje tem uma das taxas de juros mais altas do mundo, segundo a revista The Economist, e o pior é que essa prática não é coibida pelo Banco Central. Em outros países, o Banco Central funciona como uma agência reguladora que atua em defesa da população e impede a extorsão das taxas.
A orientação é que o aposentado não deve contrair o empréstimo com a nova taxa de juros, mas, caso isso já tenha ocorrido, a orientação é procurar outra instituição financeira e fazer a portabilidade, negociando a dívida.
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