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sexta-feira, 2 de junho de 2023

O que é patrimonialismo?



Patrimonialismo é um termo utilizado para descrever uma forma de organização política e social em que os recursos e o poder são controlados e distribuídos de maneira personalista e baseados em relações de lealdade e clientelismo. Esse sistema é caracterizado pela sobreposição dos interesses privados do governante ou líder sobre os interesses públicos, resultando em uma gestão do Estado em benefício próprio e de seu grupo de apoio.


No patrimonialismo, o governante trata o Estado como uma extensão de seu patrimônio pessoal, agindo de forma arbitrária e centralizada, sem respeitar as instituições e regras estabelecidas. A administração pública é usada como instrumento para obtenção de benefícios pessoais e para a manutenção do poder.


Esse modelo de organização política é frequentemente associado a práticas de corrupção, nepotismo e falta de transparência. Além disso, o patrimonialismo geralmente dificulta o desenvolvimento de instituições sólidas e a efetivação do Estado de Direito, pois as decisões são tomadas de forma discricionária e os interesses coletivos ficam subordinados aos interesses pessoais dos governantes.


O termo "patrimonialismo" foi originalmente desenvolvido pelo sociólogo alemão Max Weber, que o utilizou para descrever um dos tipos ideais de dominação tradicional. O patrimonialismo é frequentemente associado a países com instituições fracas e histórico de governos autoritários ou personalistas, mas também pode estar presente em diferentes graus em várias sociedades ao redor do mundo.


Raymundo Faoro e o patrimonialismo brasileiro



Raymundo Faoro, um renomado sociólogo e jurista brasileiro, discutiu extensivamente o patrimonialismo em sua obra "Os Donos do Poder: Formação do Patronato Político Brasileiro". Publicado em 1958, esse livro é considerado um clássico da sociologia política brasileira.


Faoro analisa o patrimonialismo como uma característica central da formação do Estado brasileiro desde o período colonial. Ele argumenta que o patrimonialismo permeia as estruturas de poder e dominação no Brasil, influenciando não apenas a esfera política, mas também a economia e a sociedade como um todo.


Segundo Faoro, o patrimonialismo brasileiro se baseia na herança colonial, em que as relações de poder e dominação eram moldadas pelo clientelismo, nepotismo e pela apropriação privada dos recursos do Estado. Ele descreve o Estado brasileiro como uma extensão dos interesses pessoais das elites dominantes, em que o poder político é exercido de forma personalista e autoritária.


Faoro também destaca a importância do patrimonialismo na formação de uma burocracia estatal fraca e ineficiente, que não tem autonomia em relação ao poder político e é permeada por práticas de favoritismo e corrupção.


A obra de Raymundo Faoro contribuiu significativamente para o entendimento do patrimonialismo no contexto brasileiro, fornecendo uma análise profunda das raízes históricas e das características desse fenômeno no país. Seu trabalho continua sendo uma referência importante para estudiosos interessados nas questões políticas e sociais do Brasil.

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