São Paulo, julho de 2023 – O Produto Interno Bruto da Bioeconomia (PIB-Bio) no país, composto pelas atividades de origem vegetal e florestal, animal, bioindústria e indústria bio-based (com viés biológico), registrou R$ 2,5 trilhões no ano passado. Esse resultado representa uma ligeira queda de −0,73% ante o ano de 2021, interrompendo uma série de crescimento desde 2017. Os dados são do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O estudo revela ainda que os motivos para o resultado negativo do PIB-Bio foram queda das atividades de origem vegetal e florestal, que representam cerca de 30% de seu total e retraíram 3,62%, quando comparado à 2021, e da Bioindústria, que representa 50% do total e retraiu 0,74%. Em contrapartida, a bioeconomia de origem animal e a indústria bio-based cresceram 2,56% e 5,85%, respectivamente. Essas duas atividades representam 19% do PIB-Bio.
De acordo com os coordenadores do estudo, os pesquisadores do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Talita Priscila Pinto e Cícero Zanetti de Lima, os resultados representam todo o crescimento e força da Bioeconomia no país. “Espera-se uma recuperação do PIB-Bio em 2023, puxada principalmente pelas atividades vegetal e animal, que já apresentaram forte crescimento no primeiro trimestre de 2023. Por outro lado, o desempenho da bio-indústria dependerá do desempenho da indústria de alimentos e bebidas e da dinâmica da economia brasileira. O resultado de 2022 foi consequência de incertezas internacionais, que elevaram os custos de diversas cadeias de produção. A sinalização de um possível desfecho do conflito no Leste Europeu ofereceria mais confiança aos mercados que dependem de insumos da região ou a tem como destino de exportações.”
PIB Geral x PIB da Bioeconomia
De acordo com a pesquisa, a evolução da taxa de crescimento do PIB-Bio, quando comparada com a taxa de crescimento do PIB do Brasil, segue na mesma direção, porém em diferentes intensidades até 2020.
Nos anos de 2015-2016, houve retração do PIB brasileiro devido à instabilidade política e à crise econômica interna. Entretanto, o PIB-Bio apresentou queda menos intensa, relacionada principalmente ao desempenho das atividades de origem vegetal e animal.
Já a partir de 2020, há descolamento entre as séries. Embora a taxa de crescimento do
PIB brasileiro tenha apresentado recuperação em V em 2021, a Bioeconomia sentiu menos os efeitos da pandemia, dado o sucesso de crescimento das atividades de
origem vegetal e animal. Já em 2022 os aumentos nos custos de produção, devido às
incertezas internacionais (Guerra na Ucrânia),
desaceleraram mais a bioeconomia do que o restante das atividades e serviços.
Resultados do PIB-Bio por setor
Origem Vegetal e Florestal
As atividades de origem vegetal e florestal foram contraídas pelo aumento dos preços dos insumos de produção que refletiram diretamente no aumento dos custos de produção. Esse efeito foi repassado ao longo da cadeia de produção, refletindo em maior custo também para a bioindústria. Adicionalmente, a bioeconomia de origem vegetal e florestal tem como base a produção agrícola e de extrativismo; portanto, as menores safras impactaram diretamente no crescimento real dessas atividades. O resultado é uma queda de 3,62% no segmento.
Origem Animal
As atividades de origem animal apresentaram crescimento real de 2,56%, dado um aumento do volume de produção superior aos custos associados à atividade, como rações, medicamentos e outros insumos, que tiveram uma retração em seus preços em relação aos valores de 2021.
Bioindústria
A Bioindústria, composta pelas atividades de alimentos e bebidas, produtos do fumo, produção de têxteis, celulose e papel e biocombustíveis, apresentou queda de 0,74% em 2022 em relação ao ano anterior. O resultado deriva da forte retração das atividades têxteis. Por outro lado, o segmento de alimentos e bebidas, que representa de 77% da atividade, cresceu cerca de 1%. A produção de biocombustíveis representa 7,1% da bioindústria e apresentou crescimento de 5,69%.
Indústria bio-based
A indústria com viés biológico, composta por atividades como produção de vestuário e acessórios, produtos de madeira, farmacêuticos e cosméticos, bem como a Bioeconomia embarcada na geração de energia elétrica, cresceu 5,85%. O aumento foi impulsionado pela produção de energia e atividades de impressões, couro e calçados.
Metodologia
O Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) desenvolveu a métrica de mensuração do PIB-Bio e vem monitorando a evolução desse indicador ao longo dos últimos dois anos. Os dados utilizados são as contas nacionais divulgadas periodicamente pelo IBGE e que servem de base de cálculo do PIB brasileiro.
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