Rodolfo Tamanaha
Professor de direito da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília (FPMB) e sócio do Madrona Fialho Advogados
A educação financeira é um conteúdo que deveria constar como obrigatório no currículo básico das crianças e dos adolescentes, principalmente, se pensassem nos pilares da educação financeira, ou seja, ensinássemos crianças, adolescentes e até adultos, como eles devem gerenciar os seus rendimentos e a própria percepção de que – como na contabilidade – para cada débito tem que haver uma receita equivalente. Inclusive, um débito sempre abaixo da receita, nunca pode ser acima. E, se for acima, a pessoa deve buscar um tipo de financiamento para consumir algo no valor acima da renda que a pessoa tem atualmente.
A educação financeira, nesse sentido de dar as noções básicas relacionadas ao que é ativo e passivo à receita e despesa, são fundamentais. E, a partir disso, desenvolver na criança e no adolescente um consumo consciente para saber o que devemos buscar ou adquirir um produto com base no recurso que a pessoa tem e nas suas necessidades. Assim, se eventualmente aquele bem está acima da sua capacidade de pagamento, ou você opta por um produto ou serviço mais barato e que atenda a sua necessidade, ou a pessoa busca complementar a renda.
Seja aguardando um tempo para juntar mais recursos e adquirir o produto ou serviço, ou ainda buscando um tipo de financiamento, sabemos que a população brasileira é pouco educada quanto aos financiamentos e por isso estamos acostumados a pagar taxas altíssimas de juros de empréstimos junto aos bancos.
Existe uma discussão de fundos relacionada à dificuldade que esses bancos têm de recuperar os créditos que eles fornecem, isso também é um fator importante, pois a cada R$ 10 que eles emprestam apenas R$ 2 ou R$ 3 são recuperados. Isso faz com que a taxa de empréstimo e de juros seja altíssima. Mas essa é a realidade brasileira.
O consumidor, a criança, o adolescente e o próprio adulto, tem que estar ciente dessa situação para saber quais são os juros incidentes. Também precisam ter uma noção básica de direito do consumidor para saber que o banco irá cobrar taxas altas, porém ele tem que ser muito transparente ao explicar quais são essas taxas aplicadas, ou seja, se a pessoa atrasa uma parcela significa a rescisão do contrato ou não significa, se foi dado algum bem de garantia ou não foi dado, são elementos que integram na minha visão o papel da educação financeira.
Penso que, hoje, por causa da tecnologia, essa educação financeira vai ter que incluir, por exemplo, medidas de educação relacionadas a como prevenir fraudes e golpes, pois isso ficou muito mais presente. Na minha leitura, a educação financeira deveria despertar principalmente no adolescente e no adulto uma preocupação financeira sobre o cenário econômico. Como o Brasil está se organizando? Como o mundo está se organizando? O que está acontecendo? Subindo preço do petróleo? O que faz subir o preço da gasolina impacta nas nossas vidas? Ou seja, ter uma clareza e preocupação com o cenário financeiro e econômico mínimo é importante. É o início de uma preparação que vai se desenvolvendo ao longo do tempo. E, por último, acho que a educação financeira deveria focar na geração de receita.
Sobre a Faculdade Presbiteriana Mackenzie
A Faculdade Presbiteriana Mackenzie é uma instituição de ensino confessional presbiteriana, filantrópica e de perfil comunitário, que se dedica às ciências divinas, humanas e de saúde. É uma das mantidas do Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM), entidade mantenedora e responsável pela gestão administrativa dos campi em três cidades do País: Brasília (DF), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ). Entre seus diferenciais estão os cursos de Medicina (Curitiba); Administração, Ciências Econômicas, Contábeis, Direito (Brasília e Rio); e Engenharia Civil (Brasília).
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