Rodrigo Augusto Prando
Professor e pesquisador do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Graduado em Ciências Sociais, mestre e doutor em Sociologia.
Divulgada em de 16 de agosto, a nova rodada da pesquisa Genial/Quaest com a avaliação do Governo Lula mostra um resultado que traz alegria ao Planalto, pois há uma sensível melhora na avaliação da gestão petista e da figura do presidente Lula.
Parte substancial das respostas é a partir da premissa “Aprovação do trabalho que o presidente Lula está fazendo”. Há, portanto, o resultado geral e a segmentação dos respondentes por região, sexo, idade, escolaridade, renda familiar, cor/raça e por religião. Por questão de espaço, não serão abordadas todas essas dimensões.
No quesito “Aprovação do trabalho que o presidente Lula está fazendo” houve uma evolução positiva de 56% de aprovação, em junho, para 60%, em agosto; dos que desaprovam o governo, queda de 40% para 35%. Em um recorte regional, o presidente tem os seguintes números: Nordeste (de 71% para 72% de aprovação); Sudeste (de 51% para 55%); Sul (de 48% para 59%); e Centro-Oeste e Norte (de 56% para 52% - as únicas regiões com queda na aprovação). Boas notícias em relação ao Sul e Sudeste para Lula.
No campo religioso, para os católicos, a aprovação do trabalho que o presidente realiza sai de 61% para 63%. A variação positiva, entre os evangélicos, indica uma aprovação que era de 44% para 50%. Sabidamente, desde as sondagens eleitorais, Lula teve maior aprovação entre os católicos e, agora, há percepção de que o governo conseguiu se comunicar com os evangélicos e que esse segmento do eleitorado sentiu uma melhora no quadro geral de sua situação de vida nesses meses que abarca a pesquisa em tela.
No que tange aos eleitores que votaram no segundo turno, mais algumas boas surpresas. Dos que votaram em Lula, a aprovação subiu de 90% para 93% e a desaprovação caiu de 7% para 5%; já entre os eleitores de Bolsonaro, a desaprovação de Lula caiu de 76% para 70% e a aprovação subiu de 22% para 25%.
Obviamente, a interpretação da pesquisa e a análise dos dados podem ser a partir de inúmeras perspectivas e, aqui, quero destacar a melhora entre os evangélicos – segmento que está na base do eleitor bolsonarista – e a queda de 6p.p. da desaprovação entre os eleitores bolsonaristas e a variação positiva de 3p.p. na avaliação positiva do trabalho do presidente. Ser bem avaliado em grupos sociais que foram apoiadores de Bolsonaro, majoritariamente, é notícia assaz positiva para o governo em voga. Impactos em ações governamentais como o “Desenrola” e a venda de carros com descontos, bem como a percepção geral das dificuldades do primeiro semestre – com os ataques de 8 de janeiro e as dificuldades de governabilidade de formar uma base de apoio – começam a ser superadas. Bolsonaro foi adepto do presidencialismo de confrontação e, Lula, com a minirreforma ministerial, diálogo com o Centrão e Arthur Lira, retoma o presidencialismo de coalizão.
Por enquanto, comemoração em Brasília, mas o recente apagão e aumento no preço dos combustíveis podem trazer impacto negativo na próxima rodada. Pesquisa com dados positivos gera ambiente de boas expectativas, na política e na economia. Veremos.
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