Murillo Torelli é professor de Contabilidade Financeira e Tributária no Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).
Nos últimos anos, os consumidores brasileiros têm enfrentado uma montanha-russa nos preços dos combustíveis, e parece que estamos prestes a vivenciar mais um aumento que pode impactar significativamente a economia do país. A situação é agravada pela política de preços confusa e incerta da Petrobras, que está diretamente ligada à política governamental.
Um dos principais fatores que contribuem para a iminência de um novo aumento dos combustíveis no Brasil é a recente alta nos preços do petróleo no cenário internacional. Os preços do petróleo subiram para o seu nível mais alto em 10 meses, com o petróleo WTI atingindo US$ 90,52 o barril e o petróleo Brent chegando a US$ 94,04 o barril. Essa escalada nos preços é resultado de alguns fatores: o anúncio de estímulos econômicos na China e a expectativa de que os principais ciclos globais de aumento das taxas de juro estão se aproximando do fim.
A Petrobras, como principal empresa do setor de petróleo no Brasil, está sob grande pressão devido ao aumento dos preços do petróleo no mercado internacional. A estatal, que já enfrentou polêmicas no passado devido à política de preços, vê-se desafiada pela prática recente de segurar os preços dos combustíveis abaixo dos praticados pela concorrência.
A decisão da Petrobras de represar aumentos no valor cobrado por derivados de petróleo produzidos em suas refinarias tem como objetivo evitar impactos diretos no bolso dos consumidores brasileiros. No entanto, essa estratégia pode ter consequências graves, como a escassez de combustível no mercado, uma vez que a empresa não é autossuficiente na produção de diesel.
O preço do barril de petróleo subiu significativamente, passando de cerca de US$ 72 para US$ 94. A escalada é agravada pelo compromisso da Rússia e da Arábia Saudita em manter até o final do ano uma redução na oferta de 1,3 milhão de barris diários. Essa conjuntura internacional coloca ainda mais pressão sobre os preços aqui no Brasil.
O aumento tem impactos inflacionários diretos, afetando o custo de vida dos brasileiros. Além disso, o represamento de aumentos por parte da Petrobras influencia diretamente na contenção da inflação do país, que é um dos desafios do governo federal. A redução do patamar da taxa de juros definido pelo Banco Central (BC) está em jogo, e a pressão sobre os preços dos combustíveis contribui para essa difícil tarefa.
O consumidor brasileiro deve estar preparado para um novo aumento nos preços dos combustíveis, uma vez que a escalada do petróleo no cenário internacional e a política de preços da Petrobras estão interligados. Os impactos inflacionários dessa situação são evidentes e representam um desafio adicional para o governo federal. É fundamental que haja uma revisão na política de preços dos combustíveis no Brasil e que se busque uma solução que equilibre os interesses da Petrobras, dos consumidores e da economia. Caso contrário, continuaremos a enfrentar instabilidades que prejudicam a vida de todos os brasileiros.
Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) está na 71a posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa Times Higher Education 2021, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Comemorando 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.
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