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segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Fim do parcelamento sem juros



*Por Rubens Moura


 

Os juros elevados e a falta de letramento financeiro desencadeiam uma série de problemas no orçamento familiar. No Brasil, a educação sobre finanças pessoais é precária e quando um consumidor adquire um produto e encontra dificuldades para quitar o valor total, o acúmulo de encargos pode aumentar o custo original do item. Este risco encarece o preço do dinheiro e do crédito.
 

Há um spread alto e os juros rotativos de 440% ao ano. Esta condição pode cobrir as despesas de uma empresa comercial. Outros fatores contribuem para o incremento das dívidas de uma empresa como, por exemplo, a falta de competição. A questão não será resolvida ao acabar com a modalidade de pagamento parcelado sem juros, pois o valor do produto e das taxas estão incluídos.
 

Ao acabar com o parcelamento, é provável que as pessoas diminuam o consumo, porque trata-se de um comportamento cultural do consumidor brasileiro. Com essas mudanças, as dificuldades na comercialização de bens de linha branca, marrom, automóveis, viagens e passeios tendem a aumentar.
 

Se houver um encarecimento dos produtos, o consumidor será capaz de comparar o pagamento à vista com o parcelado. Com a variedade de opções, ele consegue optar por economizar para comprar à vista ou até desistir da aquisição. Mas qual é o problema desse comportamento? Há alguns segmentos comerciais que dependem do parcelamento e têm potencial para falir ao ter que esperar pelo pagamento imediato.
 

Sem educação financeira, o consumidor pode acabar optando pelo pagamento que prejudique as contas pessoais. Infelizmente, o mercado está concentrado e apresenta preços elevados.
 

Em alguns casos, é possível que determinada bandeira não aceite o parcelamento sem juros e novos bancos ofereçam condições acessíveis para o financiamento do consumidor. Essa variedade de concorrentes não seria duradoura, uma vez que daria margem para outras bandeiras, contra-atacar e oferecer o serviço sem a cobrança de encargos. Ou, quem sabe, até outras instituições financeiras menores ofereçam serviços que atendam às necessidades de consumo do cliente.
 

No cenário atual, as administradoras Visa e Master são as principais bandeiras de cartão de crédito. Se elas optarem por cancelar as prestações sem juros, outras instituições podem criar estratégias, como a assistente de parcelamento da PagSeguro, o financiamento do Mercado Livre e o PopBank.
 

O alto índice de inadimplência é pouco para justificar uma mudança nas condições de pagamento. As pessoas terão dificuldades para aderir, o que pode contribuir para queda na demanda em diversos segmentos comerciais. Nesta disputa financeira, uma reserva de mercado pode ser ocupada por investidores interessados em facilitar a compra do consumidor, a melhor solução é diminuir as taxas de juros.

 

*Rubens Moura é professor de Ciências Econômicas da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio.

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