Reunião de indicadores faz parte Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, iniciativa inédita da sociedade civil, que contará também com esforços de Frente Parlamentar
| Tânia Rego/Agência Brasil |
No último dia 30 foi lançado o Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades no Brasil, uma iniciativa inédita que reúne organizações da sociedade civil de diferentes setores, parlamentares, prefeitos e atores políticos.
Com a ação, foram lançados também a Frente Parlamentar de Combate às Desigualdades, composta por deputados e senadores, e o Observatório Brasileiro das Desigualdades, que reúne 42 indicadores que serão monitorados periodicamente e apontam um diagnóstico da situação atual das desigualdades brasileiras a partir do levantamento de dados de 12 áreas.
“Pela primeira vez temos a reunião de dados de diferentes áreas que apontam a dimensão das desigualdades de renda, alimentação, acesso a escolas, moradia e como elas se interrelacionam. Com isso, poderemos ter entendimento sobre as urgências e direcionamento nas políticas públicas, com a união de esforços com a Frente Parlamentar”, avalia Márcio Black, coordenador do Instituto de Referência Negra Peregum, umas das organizações que articulou a criação do Pacto e na seleção dos indicadores.
O Observatório inclui raça e gênero como temas transversais e, dessa forma, os indicadores demonstraram que pessoas negras são os grupos menos representados nas instâncias de tomada de decisão e os mais afetados por todas as dimensões de desigualdade.
Seguem alguns dados extraídos do Observatório:
- 3,5 % das mulheres negras vivem em extrema pobreza no Brasil. Se comparado ao toda da população do país, o número cai para 2,8 % e mulheres não negras 2,0%;
- 32% dos homens negros são considerados analfabetos funcionais, já homens não negros representam 25%;
- enquanto a renda mensal média brasileira é de R$ 2.607,00, da mulher negra é de R$ 1663,00;
- a mulher negra ganha, em média, apenas 42% do que recebe o homem não-negro (branco ou amarelo). Na região metropolitana de São Paulo, esse valor é ainda mais baixo - 38,8%;
- No Brasil, 28,7% dos jovens de 15 a 17 anos estão fora do Ensino Médio. Entre os homens negros, porém, a taxa sobe para 35,7%;
- Na Câmara federal, negros e negras são só um quarto dos/as deputados/as, sendo a maioria da população;
- São as mulheres negras as que mais sofrem com o desemprego: em 2022, a taxa alcançou 14% para as mulheres negras, contra apenas 6,3% para os homens não negros;
- As pessoas negras representam 76,9% das vítimas de mortes violentas intencionais e são 83,1% das vítimas das mortes decorrentes de intervenções policiais.
Observatório Brasileiro das Desigualdades
Além do monitoramento dos avanços e retrocessos das diferentes dimensões das desigualdades brasileiras a partir da coleta anual de dados pelo Observatório, o Pacto prevê o acompanhamento de políticas públicas de combate às desigualdades e a cobrança de resultados de forma contínua, visando assegurar que as políticas implantadas de fato combatam as desigualdades.
Os indicadores acompanhados inicialmente pelo Observatório são:
- Raça, como tema transversal
- Gênero, como tema transversal
- Desigualdade territorial, como tema transversal
- Renda, riqueza e trabalho, como eixo temático e tema transversal
- Educação
- Saúde
- Acesso a serviços básicos
- Segurança alimentar
- Clima e meio ambiente
- Segurança pública
- Desigualdades urbanas
- Desigualdade de representação política


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