Allan Gallo
Professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica.
Nos últimos meses, enfrentamos uma mudança inesperada e desafiadora no cenário global de energia. A Rússia, que até pouco tempo era uma figura periférica no mercado brasileiro, tornou-se uma fonte vital de diesel para o país. Contudo, em um movimento decorrente do seu risco de desabastecimento em função da guerra contra a Ucrânia, a Rússia suspendeu suas exportações de diesel para o Brasil, lançando uma sombra de incerteza sobre o abastecimento de combustíveis no país.
A dependência do Brasil das importações de diesel é uma realidade inescapável, com cerca de 30% do mercado sendo suprido por combustíveis estrangeiros. Com a Rússia anteriormente fornecendo 80% dessas importações, a suspensão abrupta dessas exportações representa uma ameaça real de aumento significativo nos preços do diesel no Brasil. Isso não apenas afeta o bolso dos consumidores, mas também reverbera em toda a economia, com aumentos nos custos de produção e transporte que poderiam se traduzir em preços mais altos para uma variedade de produtos.
Agora, mais do que nunca, é crucial que o Brasil adote uma abordagem estratégica para mitigar os impactos dessa suspensão de exportação. Em primeiro lugar, é essencial voltar com uma política de preços transparente e sensível ao mercado. Preços que refletem as realidades da oferta e da demanda não apenas proporcionam estabilidade econômica a longo prazo, mas também ajudam os consumidores e os produtores a tomar decisões informadas.
Além disso, o governo deve abordar a questão tributária de forma proativa. Uma redução nas cargas tributárias ao longo da cadeia de produção pode atenuar os aumentos de preços para os consumidores, fornecendo um alívio bem-vindo em tempos de volatilidade.
Quanto à Petrobras, como uma empresa, sua responsabilidade reside em garantir sua viabilidade econômica. Não é tarefa do governo evitar desafios enfrentados pelas empresas; em vez disso, um ambiente de negócios saudável, com concorrência e políticas tributárias sensatas, é o que realmente sustenta a economia.
Em última análise, o Brasil está diante de um desafio econômico significativo. A resposta não deve ser apenas uma reação imediata, mas sim uma estratégia bem pensada que promova a estabilidade a longo prazo. Políticas transparentes, tributação adequada e a capacidade de adaptação do setor privado são fundamentais para enfrentar esse desafio e garantir um futuro econômico estável e com riscos menores de desabastecimento.
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