A escritora caicoense, Ana Karla
Farias, está celebrando o lançamento de sua mais recente obra literária,
intitulada "A Paixão, um Animal que Hiberna" publicado pela Editora Minimalismos. Este é o terceiro livro
de sua carreira e marca sua estreia no universo poético, representando uma nova
faceta artística em sua trajetória como autora.
Além disso, Ana Karla é a autora do
livro de contos "A Árvore dos Frutos Proibidos" (Multifoco), sua estreia
literária. Recentemente, ela também lançou pela Editora Penalux a obra "À Deriva de Mim", um livro que contempla reflexões sobre sua jornada pessoal
e ponderações acerca do ato de escrever.
Essa variedade de obras revela a
versatilidade de Ana Karla Farias como escritora, explorando diferentes formas
literárias para expressar suas ideias e experiências. Abaixo, confira a
entrevista, na qual a autora compartilha insights fascinantes sobre sua
inspiração, processo criativo e perspectivas em relação à escrita.
Entrevista
Como surgiu a ideia de escrever um
livro de poemas? Existe uma inspiração específica por trás desse projeto?
Fui escrevendo, sem qualquer
pretensão, poemas no Instagram. Como escritora de prosa, escrever poemas foi um
desafio que enfrentei. A partir do feedback positivo de seguidores e amigos,
decidi reunir esses escritos no intuito de publicá-los.
Escrevi a partir das dores, angústias
e potências por mim experienciadas. Ademais, há um diálogo com o cinema e com a
música (os filmes que vi, as canções que tenho ouvido nos discos). Sou a favor
de uma literatura que embaralha fronteiras, bebendo de artes diversas, uma
escrita sinestésica.
Quais são suas influências literárias
e artísticas? Há autores ou obras que a inspiraram na criação desses poemas?
A minha escrita dialoga com as vozes
de muitas outras autoras, contemporâneas ou que vieram antes de mim, e
seguraram minha mão. Elas me encorajaram a escrever e me inscrever na própria
obra. Marguerite Duras, a cinescritora Agnès Varda, Clarice Lispector, Hèléne
Cixous, Virginia Woolf, Conceição Evaristo, Aline Bei, Ana Cristina Cesar, a
minha irmã Ana Santana Farias, minha amiga Dai Dantas, todas elas ensinaram-me
que meus escritos são importantes porque são meus. E por isso, são únicos!
Como foi o processo de criação para
este livro de poemas? Você segue uma rotina específica ou escreve quando a
inspiração surge?
Eu sou adepta da concepção de
escrevivências, cunhada por Conceição Evaristo. Eu escrevo onde meus pés estão
fincados, a partir das minhas vivências, ainda que não se encerre nelas,
reverberando para alteridades outras.
Não gosto de pensar que a escrita
advém de um estado de inspiração, uma vez que, sob esse prisma, parece que
basta sentar na cadeira, de frente à tela do computador, para a escrita fluir
fácil. Quando, na verdade, há todo um esforço e trabalho ali despendidos.
Escrever requer dedicação, trabalho, tempo, compromisso, leitura, pesquisa e,
claro, um tanto de iluminação.
Existe um tema central que permeia seus poemas, ou cada poema é uma expressão única e independente?
Há um fio condutor que costura os
fragmentos escritos: o amor e suas muitas facetas. Com base no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças
(2004), escrevi esses poemas atormentados sobre um amor voraz, que se quer ser
consumido, mesmo diante das impossibilidades.
No filme, temos dois personagens que
se amam, mas não conseguem existir juntos. Ainda que o amor perdure, amar não é
sempre tão colorido.
Seus poemas refletem experiências
pessoais? Como você equilibra a exposição de suas emoções com a criação de uma
obra literária?
Sim! Aprendi muito com a cinescrita
da Agnès Varda e da Marguerite Duras que é possível inscrever-se subjetivamente
na própria obra, sem se reduzir a uma escrita de si. Escrever tendo como ponto
de partida nossas motivações pessoais para além de si.
Assim, há uma desconstrução do mito
autobiográfico. O si é só um ponto de partida para tecer agenciamentos com o
mundo externo. Quando nos inscrevemos, contamos narrativas sobre as experiências
de todas as mulheres. Vale a máxima “o pessoal é político”.
Há algum poema em particular que
tenha uma conexão mais profunda ou significativa para você?
Sim! Vejamos:
"Pensei que
se a vida fosse um filme do Kauffman
À maneira
de Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Eu te
apagaria
sem
titubear ou pensar duas vezes.
E então, o
som da vitrola tocando Wish you were here,
sobreposto
ao som da gota do vinho
saindo
devagar na taça
seria algo
banal para mim.
Devolveríamos os ingressos do Cine Sesc, Cine
Bijou...
Passar pela
rua São Carlos do Pinhal
já não me diria nada
não faria qualquer sentido".
Como você descreveria seu estilo
literário e poético? Há alguma abordagem específica que você tenha procurado
incorporar em seus poemas?
Um estilo literário híbrido, que
mescla ficção e realidade, objetividade e subjetividade. A abordagem de
escrever com verdade, com as veias abertas e o coração pulsando.
Como espera que os leitores recebam seus poemas? Existe uma mensagem específica que deseja transmitir por meio de suas palavras?
Concordo com o que apregoa a poeta
Matilde Campilho ao dizer “a arte não salva o mundo. Mas salva o minuto”. O que
dialoga muito de perto com a canção do Sérgio Sampaio “um livro de poesia na
gaveta não adianta nada. Lugar de poesia é na calçada”. Uma vez impressos no
papel, os escritos deixam de ser exclusivamente meus, tornando-se dos leitores
que deles precisam.
Espero que as leitoras reconheçam-se
na minha voz e digam: esse livro sou eu!
Quais conselhos você daria a
escritores aspirantes que desejam publicar sua própria obra?
Escreva! A escrita é para você.
***
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