Caicó se orgulha de ter o suposto terceiro maior Carnaval do Nordeste, posicionando-se logo atrás de Recife-Olinda e Salvador. No entanto, é importante destacar o contexto atual da cidade: atualmente, Caicó ocupa a oitava posição em população no Rio Grande do Norte e a sétima em Produto Interno Bruto (PIB). Este cenário é marcado por uma trajetória de decadência, refletida até mesmo na perda de mais de mil habitantes entre os censos de 2010 e 2022.
É decepcionante ver uma cidade em declínio se vangloriar de sediar o terceiro maior Carnaval da região, equiparando-se a duas grandes capitais. Tanto Recife-Olinda quanto Salvador, embora já tenham sido centros vibrantes, também enfrentam seus próprios desafios. Salvador, por exemplo, perdeu uma Campina Grande em apenas 12 anos. Em contrapartida, Caicó enfrenta uma escassez gritante de oportunidades de emprego e uma ausência de atividades econômicas sólidas. Além disso, a precariedade dos bairros e a disseminação do semianalfabetismo pintam um quadro sombrio da realidade local.
É inconcebível que líderes políticos demagogos incentivem a população a participar de um Carnaval que, em uma sociedade civilizada, seria considerado inadequado. A imagem de pessoas correndo atrás de caminhões sob o sol escaldante por sete dias seguidos deveria ser motivo para a revolta e não para a celebração. No entanto, é comum ver a população regozijando-se com as imagens aéreas da massa subdesenvolvida enchendo as ruas durante o grande festival do terceiro mundo.
Os governantes utilizam justificativas econômicas para investir dinheiro público no Carnaval, alegando um suposto retorno financeiro para a cidade. No entanto, a verdadeira motivação parece ser de natureza política. Embora se estime que o Carnaval de 2024 possa gerar cerca de 9 bilhões de reais em todo o país, não há um levantamento adequado dos gastos estatais com atrações, estrutura e policiamento. Esta justificativa econômica é insustentável diante das evidentes dificuldades enfrentadas para investir em áreas fundamentais, como a educação. Em Caicó, por exemplo, vemos o poder público gastar quantias exorbitantes em eventos enquanto hesita em pagar o piso salarial dos professores. Há claramente algo errado nessa equação.
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