Podem até usar a frasezinha de Dom Hélder Câmara mas o carnaval ilustra o fracasso de uma sociedade desorganizada. Um contraponto revelador surge ao recordarmos as observações de Alexis de Tocqueville em "A Democracia na América", onde descreve a capacidade da comunidade americana em se unir para construir escolas quando necessário. Em contraste, nas páginas de "Moleque Ricardo" de José Lins do Rego, testemunhamos os pobres do Recife dedicando o ano à organização de desfiles carnavalescos, enquanto as necessidades fundamentais, como educação, permanecem negligenciadas.
O Brasil, desde os anos 1970, foi tomado pelo crime urbano, atingindo um ponto crítico em que os criminosos organizam e controlam as periferias de todas as cidades do país. Uma sociedade que falha em se unir para a vigilância comunitária ou para construir escolas, mas se organiza eficientemente em grupos criminosos, evidencia a inversão de valores. Enquanto o crime se organiza, a sociedade se torna gado desfilando em bloquinhos de carnaval, apoiando escolas de samba controladas por tráfico, milícias ou jogo do bicho.
A ausência de memória histórica é uma característica preocupante do Brasil. A postagem da OAB do Rio Grande do Norte, aludindo ao 15 de novembro como o início da nação brasileira, destaca como poucos conhecem as Batalhas de Guararapes, evento que verdadeiramente fez nascer a maior nação tropical. O país sofre também de uma memória seletiva em relação ao Nordeste, que padecia de fome devido à resistência à adaptação ao clima semiárido. A construção de açudes, por exemplo, enfrentou resistência, pois alguns consideravam pecaminoso represar a água da chuva.
O Brasil é um caldeirão de ideias equivocadas. As elites estúpidas e ignorantes perpetuam ideias antiquadas que viram as costas para o desenvolvimento do país. Hoje, as ideias equivocadas da esquerda festiva contribuem para o caos, destacando a urgência de uma mudança de mentalidade. O país, paradoxalmente, precisa superar a organização eficiente no âmbito do crime e, ao mesmo tempo, superar a desorganização social em questões fundamentais como educação e segurança comunitária. O desafio é, portanto, não apenas uma questão de enfrentar problemas presentes, mas de redefinir os fundamentos da sociedade brasileira para um futuro mais promissor.
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