Copergás inicia projeto piloto em abril e irá instalar terminal de regaseificação. Chegada do gás natural à região representa mudança para uma matriz energética mais sustentável
Governadora Raquel Lyra anunciou desoneração do ICMS para o gás (Foto: Janaína Pepeu/Secom-PE)
A produção de gesso no Sertão do Araripe ganhará um novo impulso com o início do fornecimento do gás natural na região. O anúncio foi feito nesta terça-feira (6) pela governadora Raquel Lyra, acompanhada pela sua vice, Priscila Krause, em cerimônia realizada no município de Araripina. A Companhia Pernambucana de Gás (Copergás) passará a abastecer o Polo Gesseiro do Araripe, proporcionando sustentabilidade à produção. O investimento inicial é na ordem de R$ 6 milhões e o projeto piloto será iniciado em abril. Para incentivar as empresas a adotarem a nova forma energética, o Governo do Estado zerou o ICMS do gás que será vendido para as indústrias do gesso.
“Cada território precisa viver das suas próprias potencialidades, e assim é o gesso aqui no Araripe. Aqui teremos gás com ICMS zero para garantir que essa região amplie seu desenvolvimento e gere mais e mais empregos com nosso investimento inicial de cerca de R$ 6 milhões. Concretizar essa demanda histórica e mudar a matriz energética do Polo Gesseiro vai ajudar a preservar nossa caatinga. As agendas de meio ambiente e desenvolvimento sustentável se uniram e estão alinhadas na nossa gestão”, destacou Raquel Lyra.
A Copergás, com o aumento do consumo na região, pretende construir um terminal de regaseificação no Araripe, semelhante aos já existentes em Petrolina, no Sertão do São Francisco, e em Garanhuns, no Agreste. Segundo o presidente da Copergás, Felipe Valença, com o início das obras no final do ano, a partir do primeiro semestre de 2025 já terá a base operacional. “O gás que será entregue para o Polo Gesseiro será o mais barato do Estado, com os incentivos governamentais. Com a adesão de mais empresas, vamos aumentando a confiança do setor e gerando mais desenvolvimento para a região”, Felipe Valença.
A região é responsável por 97% de todo o gesso produzido no Brasil e a gipsita (matéria-prima do gesso) encontrada nos municípios de Araripina, Bodocó, Exu, Ipubi, Santa Filomena e Trindade é considerada de alta qualidade, com a pureza do minério variando entre 88% e 98%.
O Polo do Araripe tem capacidade para consumir cerca de 320 mil metros cúbicos de gás natural por dia. Isso equivale a 20% do volume hoje distribuído pela Copergás e superior a outras distribuidoras de gás natural. O projeto piloto será iniciado ainda em abril de 2024. A Copergás irá recolher cartas de adesão ao novo projeto. Estima-se que, no mínimo, 50 empresas estejam aptas a adaptarem sua queima energética para o gás natural, e a economia com combustíveis pode chegar a R$ 20 milhões por ano apenas nessas empresas.
As empresas dos seis municípios que compõem o Polo usam lenha, matriz energética escassa e que atualmente promove o desmatamento da Caatinga. Com a adoção do gás natural, a indústria local será mais sustentável ambientalmente, com uma combustão mais limpa.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Guilherme Cavalcanti, os produtores não terão limites para produção, também podendo trazer outras empresas para fabricar no Sertão do Araripe. “Isso representa uma vitória de mais de 30 anos de espera por uma mudança de matriz energética que possa preservar a caatinga, garantindo que possam parar de usar a lenha como combustível. É uma mudança de realidade e tempo para Araripina”, afirmou.
“Essa iniciativa da governadora tira o polo gesseiro da idade média e traz para a contemporaneidade. É um feito extraordinário e só temos que comemorar”, falou o prefeito de Araripina, Raimundo Pimentel, que esteve acompanhado da deputada estadual Socorro Pimentel.
Para o presidente do Sindicato da Indústria de Gesso de Pernambuco (Sindugesso), Jefferson Duarte, a chegada do gás marca um novo momento no Sertão do Araripe. “Esse é um momento histórico para o polo gesseiro, que precisa de um olhar clínico e atencioso. Trocar a matriz energética com a chegada do gás vai proporcionar investimentos e desenvolvimento na nossa região”, registrou.
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