A Inteligência Artificial para auxiliar a atividade docente - Blog A CRÍTICA

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sexta-feira, 26 de abril de 2024

A Inteligência Artificial para auxiliar a atividade docente



*Maria Carolina Avis 


No momento, temos duas questões importantes que envolvem a Inteligência Artificial e o seu uso: a primeira é sobre o governo de São Paulo utilizar ferramentas de Inteligência Artificial (IA) para trabalhar em conjunto com professores, visando uma maior produtividade; A segunda questão trata sobre a importância de lermos a mesma notícia vinda de várias fontes, para termos nossa própria opinião, buscando ler um argumento e um contra-argumento. Perceba que muitos canais de comunicação que criticam o uso de IA por parte do governo, a usam também em diversos momentos da produção e distribuição de conteúdo, mesmo que de forma automática. 

O governo de São Paulo está planejando implementar um projeto de integração entre o trabalho de professores e de plataformas de Inteligência Artificial, como o ChatGPT. O objetivo é que a ferramenta ajude na atualização de materiais digitais, usados por professores do ensino fundamental e médio. O único momento em que há a substituição de um professor pela máquina é em uma atividade mecânica, o que, com o uso da IA, deixa o professor livre para exercer com mais precisão suas atividades humanas, que o robô não tem capacidade, como aquelas que envolvem criatividade, interpretação e empatia. 

O material será revisado por professores em duas etapas até ser finalizado, e, depois, ainda passará por revisão de direitos autorais e intervenções de design. Ou seja, a IA auxiliará apenas na produção de slides para uma aula que já está pronta. Fica claro que o professor ainda é o centro do processo, utilizando a máquina como co-pilota. Este processo já é utilizado em escolas do mundo todo, seja de ensino fundamental e médio, ou de ensino superior. Há pesquisas que mostram que, nos EUA, tem mais professores (40%) usando a IA do que alunos (22%). 

Está em período de testes no Texas Education Agency (TEA) um novo sistema de pontuação, baseado em IA, para corrigir questões discursivas no exame de Avaliação de Prontidão Acadêmica do Estado do Texas (STAAR) e o impacto esperado é que economize entre 15 e 20 milhões de dólares por ano. No ano de 2023, foram necessários 6.000 profissionais avaliadores, enquanto com a ajuda da IA, foram necessários apenas 2.000. Por que no Brasil seria diferente?  

É claro que muitos cargos serão totalmente dispensáveis a partir do momento em que uma ferramenta de inteligência artificial se prove competente para exercer a função daquele humano, mas ao mesmo tempo, não só surgem novas profissões, como novos cargos e ocupações dentro de uma profissão já existente. Em 2023, estimava-se que 70% das companhias investissem em IA naquele ano, e investir em IA não se restringe ao uso de ferramentas como ChatGPT ou Gemini. Automações que dependam de uma programação prévia, já são baseadas em IA. Com issoexiste o aumento da demanda por profissionais com competências digitais. 

O principal apelo é que a IA já é utilizada em muitos contextos: nas salas de aula, nos estúdios de gravação, nas redações jornalísticas, em pequenos negócios, em indústrias e em todos os mercados. Por que na educação básica não pode ser utilizada? Quando falamos em adoção de novas tecnologias, temos sempre que pensar em uma adaptação digital em conjunto com humanos. Por enquanto, não temos legislação específica sobre a inteligência artificial, mas temos ética que, de acordo com Mario Sérgio Cortella, se baseia em três perguntas: ‘eu posso? Eu quero? Eu devo?’ O filósofo, referência no Brasil, diz que “nem tudo que eu quero, eu posso; nem tudo que eu posso, eu devo; e nem tudo que eu devo, eu quero”. Esses são princípios de ética que podem nortear nossas escolhas humanas. E uma máquina não tem essa capacidade analítica de exercer a ética na prática. Por isso, o trabalho da IA em conjunto com os professores pode ser uma ótima forma de otimização de processos e aproveitamento do recurso intelectual dos professores. 

*Maria Carolina Avis é professora de Comunicação Digital no Centro Universitário Internacional Uninter, especialista em docência no ensino superior e mestre em Gestão da Informação pela UFPR. 

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