Luiz Rodrigues
Sexta-feira 16 de agosto de 2020, o sol se põe em mais uma tarde de espetáculo do crepúsculo que transforma o céu azul do semiárido nordestino em céu de chumbo, a grande bola avermelhada esconde-se atrás do horizonte, o oitavo mês do calendário é a transição da época mais fria do ano no sertão para a mais seca, quando os dias ardem durante o bê, erre, ó bró.
Hoje é o primeiro dia da campanha eleitoral das eleições municipais de 2024, felizmente nem um sinal dos candidatos, possivelmente ainda preparam a forma mais adequada de tumultuar a rotina da cidade com as escandalosas campanhas eleitorais do Brasil.
Quando a primeira "caravana da mudança" aparecer é sinal de que tudo permanece igual e que seremos gratos se não ficar pior. O verbo mudar é o preferido dos políticos durante as campanhas, só um candidato não pode prometer mudar: o que disputa reeleição! Entretanto este dirá que "a mudança deve continuar". Nada pode ficar onde está, tudo tem que mudar ou já está em mudança...
Psicanaliticamente os políticos necessitam entusiasmar o eleitorado, o verbo mudar é, portanto, o combustível da folia eleitoral. O povo segue, core, pula e grita. E briga para defender seu candidato: "aí é um homem". Ninguém tem tanta verve em defender outra pessoa quanto um eleitor apaixonado por um político.
Os demagogos do Brasil souberam com perfeição trabalhar o fenômeno da paixão, como torcemos por um clube de futebol. O indivíduo apaixonado por algo cria na mente um circuito-fechado para proteger aquilo pelo qual se engaja, foi assim que surgiram no Brasil os luzias e saquaremas, bacuraus e bicudos.
Com o avançar da comunicação estes efeitos foram diminuídos, mesmo assim qualquer hora até outubro pode ser que a caravana da mudança apareça e, então, torceremos para que a mudança passe e possamos começar a mudar lendo mais, não jogando lixo nas ruas e não tendo idolatria e paixão por políticos, aí muda... A verdadeira caravana da mudança é silenciosa.
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