- Espera-se que o Federal Reserve dos EUA comece a flexibilizar a política monetária em setembro, devido aos dados econômicos recentes, mas as moedas dos mercados emergentes estão sob pressão de desvalorização.
- O Banco do Japão (BoJ) aumentou sua taxa de juros em 15 pontos-base para 0,25%, seu nível mais alto desde 2008. Essa medida, juntamente com uma redução na compra de títulos, marca uma mudança na política monetária ultra-flexível do país, que já durava décadas.
- O aumento dos custos de empréstimos do Japão para lidar com a inflação diminuiu o interesse dos investidores em moedas de mercados emergentes, que antes eram favorecidas pelas baixas taxas de juros do Japão.
Durante grande parte do ano, a atenção do mercado financeiro se concentrou na possibilidade de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve dos EUA. A política monetária restritiva do Fed foi um dos principais impulsionadores da força do dólar, levando à desvalorização de várias moedas de mercados emergentes, aborda o relatório da Hedgepoint Global Markets.
“A previsão agora é de que o Federal Reserve dos EUA comece a flexibilizar a política monetária em setembro, já que os dados econômicos recentes criaram espaço para essa medida. No entanto, as moedas dos mercados emergentes continuam a enfrentar pressões de desvalorização. Um dos principais fatores que contribuem para isso é o recente aumento das taxas de juros japonesas”, aponta Victor Arduin, analista de Macroeconomia e Energia da Hedgepoint.
Tradicionalmente um mercado favorável para operações de carry tradedevido às suas taxas de juros historicamente baixas, o Japão foi obrigado a aumentar os custos dos empréstimos para combater a inflação. Isso reduziu o apetite dos investidores por operações envolvendo moedas de mercados emergentes. “Por isso, o relatório da Hedgepoint explorará aspectos do ambiente macroeconômico do Japão e suas implicações para as operações de carry trade de câmbio, o que poderia contribuir para as pressões de desvalorização nos mercados emergentes”, diz.
O iene pode se valorizar ainda mais nos próximos meses
Anteriormente conhecido por suas taxas de juros negativas, o banco central do Japão aumentou as taxas de juros no país pela segunda vez em 17 anos, em uma tentativa de conter a forte desvalorização do iene, que contribuiu para a inflação no país. O Banco do Japão (BoJ) aumentou sua taxa básica de juros de 0,1% para 0,25% na semana passada e anunciou um plano para reverter seu programa maciço de compra de títulos.
“Essa mudança na política monetária resultou em um aumento nos rendimentos dos títulos japoneses nos últimos anos. Embora o rendimento dos títulos de 30 anos estivesse abaixo de 1% em 2020, ele subiu para mais de 2% em 2024. Embora isso possa não parecer uma diferença significativa, é importante lembrar que a relação entre o PIB e a dívida do Japão é superior a 250%. Portanto, qualquer mudança no ambiente da taxa de juros pode ter impactos consideráveis no longo prazo”, acredita o analista.
Nesse contexto, espera-se que o iene continue a se fortalecer. Não só os fatores domésticos contribuirão para isso, mas também a possibilidade de um corte na taxa de juros dos EUA em setembro, o que reduzirá o diferencial da taxa de juros entre os dois países, resultando em uma valorização do iene.
Moedas de mercados emergentes sob pressão
“A valorização do iene afetou os países latino-americanos, que, após um período de valorização em 2023, vêm experimentando uma desvalorização da moeda em 2024. A reversão das posições vendidas no iene está contribuindo para um ambiente global de aumento de riscos”, pontua.
E prossegue: “Duas moedas se destacam nesse contexto: o real brasileiro (BRL) e o peso mexicano (MXN). Há apenas um ano, o real brasileiro teve uma valorização de mais de 7%, enquanto o peso mexicano apresentou uma surpreendente valorização de 17%. Entretanto, além dos fatores externos, as questões internas continuaram a pressionar as taxas de câmbio. No Brasil, uma agenda fiscal desafiadora com o objetivo de equilibrar as contas públicas e, no México, incertezas relacionadas ao novo governo”.
Ainda há espaço para a valorização das moedas dos mercados emergentes se a política monetária do Japão se mostrar menos restritiva do que o esperado.
“Entretanto, também há riscos significativos no contexto econômico atual que podem reduzir o apetite dos investidores por ativos de risco, como as moedas dos mercados emergentes”, conclui.
Em resumo, tanto o real brasileiro (BRL) quanto o peso mexicano (MXN) se valorizaram significativamente no ano passado, com o BRL subindo mais de 7% e o MXN 17% em agosto/23. Entretanto, questões internas - como os desafios fiscais do Brasil e as incertezas do novo governo do México - continuam a pressionar suas taxas de câmbio em 2024.
Além disso, o banco central do Japão elevou as taxas de juros pela segunda vez em 17 anos para lidar com a forte desvalorização do iene e a inflação persistente, aumentando a taxa básica de 0,1% para 0,25% e planejando reverter seu programa de compra de títulos.
Nesse contexto, o iene está se fortalecendo, impulsionado por fatores domésticos e pela possibilidade de um corte na taxa de juros dos EUA em setembro. Esse corte reduziria o diferencial da taxa de juros entre o Japão e os EUA, levando a uma maior valorização do iene, o que poderia exercer mais pressão sobre os mercados emergentes.
Acesse o relatório completo clicando aqui.
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