|
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil |
Por Marcelo Cambria
O desempenho da economia brasileira foi positivo em 2023. É o que apontam dados de um estudo conduzido por Claudio Roberto Amitrano e Mônica Mora Y Araujo, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
De acordo com a publicação, “o produto interno bruto (PIB) acumulou alta de 2,9% em 2023, mantendo o ritmo observado em 2022. Concomitantemente, observou-se uma desaceleração da inflação (4,62%). Esse resultado contrariou as expectativas de mercado de dezembro de 2022, que estimavam crescimento do PIB de 0,8% e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,31% para 2023.”
Esse crescimento da economia ocorreu em um cenário de expansão do gasto fiscal, com um déficit primário da ordem de 2,3% do PIB e uma carga tributária em queda (de 33,07%, em 2022, para 32,44%, em 2023). O que, por sua vez, resultou no início do processo de redução da inflação e taxa de juros iniciado em agosto de 2023.
Inflação e taxa de juros: o que vem a seguir
Ao considerar as maiores economias do mundo, o cenário de investimento global deverá ser transformado nos próximos meses, à medida que as trajetórias das principais economias divergem.
Os bancos centrais, que apertaram a política monetária de maneira uníssona para conter a inflação oriunda da pandemia, provavelmente seguirão caminhos variados ao cortarem as taxas de juros.
Embora a maioria das economias desenvolvidas tenha iniciado o processo de afrouxamento da política, os Estados Unidos (EUA) mantiveram a sua atividade econômica surpreendentemente forte. O que poderá manter a inflação nos EUA acima da meta de 2% em um horizonte vindouro de seis a doze meses.
Nesse contexto, é esperado que o banco central americano comece a normalizar a política em meados do ano, à semelhança de outros bancos centrais dos mercados desenvolvidos.
No entanto, a trajetória de redução das taxas da Fed poderá ser mais gradual devido à persistência de alta da curva futura de juros de 10 anos, que pode ser observada no gráfico extraído da PIMCO, a gestora líder mundial em renda fixa, com administração de US$ 1,9 trilhão em ativos:
|
Fonte: PIMCO/Reprodução |
Observa-se que a inflação e taxa de juros de longo prazo se mantêm com expectativa alta, comparativamente à média histórica dos últimos 13 anos. Isto tem sido uma constante nos países desenvolvidos, incluindo o Reino Unido, União Europeia, Japão, Canadá e Austrália, além dos Estados Unidos.
Enquanto o equilíbrio da oferta versus demanda não for restabelecido a níveis normais pré-pandêmicos, o que inclui o efeito rebote de repasses de preços em contratos durante dois ou três anos desde o pico inflacionário, o mercado de juros futuros demonstra que ainda haverá uma jornada para que os níveis de juros pré-pandêmicos sejam alcançados novamente.
O autor: Marcelo Cambria é professor de Contabilidade e Finanças nos cursos de graduação em Economia, Administração e Contabilidade da FECAP.
Nenhum comentário:
Postar um comentário