A infância de Joana conversa com os segredos de infância do leitor
A infância de Joana Maralto Edições
A poeta, cronista e crítica literária brasileira Mariana Ianelli lança pela Maralto Edições seu primeiro livro de ficção: A infância de Joana. Autora de 16 livros de poemas e dos infantis Bichos da noite (2018), Dia no ateliê (2019) e A menina e as estrelas (2022), a vencedora do Prêmio Minuano de Literatura 2021, na categoria de Crônica, entrega agora uma obra que conversa com os segredos de infância de cada leitor.
A infância de Joana aposta numa narrativa em fragmentos, recortes de cenas e rastros de acontecimentos. O tempo de infância da protagonista está ambientado nos anos de 1980 e início de 1990, com algumas referências próprias da autora. As idades dessa infância se misturam: o início coincide com a primeira infância, e o fim está atado ao começo da adolescência, que entra no livro como um anexo (com o título “Gralhas no céu da tarde”). Toda essa composição foi se fazendo aos poucos, fragmento por fragmento, selecionados de um conjunto maior que a autora foi polindo.
“Esse é meu primeiro livro de ficção, também a primeira vez que experimento o humor. Já visitei a infância em outros textos, sob outras perspectivas, de mãe, cronista, poeta. Essa experiência de linguagem, na ficção, encarnando uma criança em seus primeiros assombros, é nova para mim. Sei que há várias personagens de nome Joana na nossa prosa brasileira, mas isso não foi exatamente intencional”, explica Mariana Ianelli.
Joana é uma personagem composta de várias meninas, uma experiência de linguagem para Ianelli, que busca sentir o que uma criança sente, ver pelo olhos dela e participar de seu mundo interior, aparentemente incomunicável. Elementos e sentimentos reais da infância da autora se misturam a outras histórias e se transformam em uma nova narrativa.
“Essa Joana vai se desenhando sob diferentes ângulos a depender de como responde ao que se lhe apresenta ou lhe acontece”, explica a autora. Cada fragmento do livro traz um momento ou uma idade dessa infância em que o rosto mais secreto dessa menina aflora. A personagem vai se moldando das reações ou aclimatações a cada situação em que está enredada.
“Joana dava corda ao carrossel, de olho nas bonequinhas que giravam ao som mais triste que alguma vez ela já ouviu.
Para quem visse de fora, era uma menina apegada a uma caixinha de música. Para Joana, era uma necessidade secreta
que crescia, até o dia em que ela rebentou a caixa acrílica por cima e arrancou as bonequinhas dali uma a uma, numa
operação de salvamento. Joana as libertava daquela música triste. Não sabia, nunca soube, enquanto durou sua
infância, que o que ela ouvia era O lago dos cisnes.”
Com ilustração da experiente fotógrafa Juliana Monteiro, as imagens selecionadas para a obra transmitem o incomunicável do interior da criança. “As imagens, que foram criadas a partir de transferências de fotografias e de carimbos de objetos, apresentam diversas Joanas”, explica Juliana. “Trabalhei com fotografias de diferentes crianças para sublinhar visualmente as transformações pelas quais essa personagem passa durante seu percurso de descobertas e para evocar o caráter universal da experiência narrada.”
A infância de Joana é uma obra provocativa que convida o leitor a percorrer os caminhos por ora leves e por ora assombrosos da infância. O livro chega às livrarias e às plataformas digitais de vendas no mês de agosto e fará parte do Programa de Formação Leitora Maralto, uma iniciativa direcionada a escolas de todo o país.
Sobre escritora: Mariana Ianelli nasceu em 1979, em São Paulo, onde vive. É autora de dezesseis livros de poemas, como Trajetória de antes (1999), Duas chagas (2001), Passagens (2003), Fazer silêncio (2005), Almádena (2007), Treva alvorada (2010), O amor e depois (2012) e Tempo de voltar (2016) – reunidos na antologia Manuscrito do fogo (2019), que marca vinte anos de poesia –, além de Terra natal (2021), Moradas (2021), Vida dupla (2022), Dança no alto da chama (2023) e América: um poema de amor (2021), semifinalista do Prêmio Oceanos de 2022. Tem cinco livros de crônicas: Breves anotações sobre um tigre (2013), Entre imagens para guardar (2017), Dia de amar a casa (2020) – Prêmio Minuano de Literatura 2021, categoria Crônica –, Prazer de miragem (2022) e Turno de madrugada: antologia (2023). Também é autora de três infantis: Bichos da noite (2018), Dia no ateliê (2019) e A menina e as estrelas (2022).
Sobre a ilustradora: Juliana Monteiro nasceu em 1981, no Rio de Janeiro, e vive em São Paulo, onde cursou Linguística e, desde então, tece relações entre diferentes linguagens. O caráter universal do que é íntimo, a impermanência e a dinâmica entre palavra e imagem são eixos presentes em sua observação artística, que se vale da fotografia como principal instrumento do dizer. Participou de exposições coletivas em galerias e museus, além de residências artísticas nacionais e internacionais. É coautora, juntamente com o escritor João Anzanello Carrascoza, do Catálogo de perdas (2017), obra finalista do Prêmio Jabuti e vencedora do FNLIJ, e de Fronteiras visíveis (2023).
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