Aumento nos preços da energia elétrica residencial (5,36%) exerceu impacto 0,21 p.p. no índice geral em setembro - Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias |
A inflação no Brasil acelerou para 0,44% em setembro, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (9). O resultado representa uma alta de 0,46 ponto percentual (p.p.) em relação ao mês anterior, quando o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou leve queda de -0,02%. No acumulado do ano, a inflação soma 3,31%, enquanto nos últimos 12 meses, o índice é de 4,42%.
Os principais responsáveis pelo aumento de setembro foram os grupos Habitação e Alimentação e bebidas. A energia elétrica residencial, que havia registrado uma queda de -2,77% em agosto, subiu para 5,36% em setembro, refletindo o impacto direto da mudança na bandeira tarifária.
Habitação e Energia Elétrica: Principais Impactos
O grupo Habitação apresentou alta de 1,80% em setembro, impulsionado principalmente pelo aumento nos preços da energia elétrica. André Almeida, gerente da pesquisa, explicou que a mudança da bandeira tarifária verde, que não aplicava cobrança adicional nas contas de luz em agosto, para a bandeira vermelha patamar um, foi o principal motivo para essa alta. “O nível dos reservatórios caiu, o que motivou a mudança para a bandeira vermelha patamar um, que adiciona aproximadamente R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos”, detalhou Almeida. Esse item, sozinho, impactou em 0,21 p.p. o índice geral de setembro.
Alimentação e Bebidas: Alta de 0,50%
O grupo Alimentação e bebidas também contribuiu para o avanço da inflação, com alta de 0,50%, após dois meses consecutivos de quedas. A alimentação no domicílio subiu 0,56%, influenciada pelo aumento nos preços da carne bovina e de frutas como laranja, limão e mamão.
“Com a forte estiagem e o clima seco, a oferta de carne bovina diminuiu, já que o período de entressafras está sendo intensificado pelas condições climáticas”, analisou Almeida. Durante o primeiro semestre de 2024, o setor registrou quedas sucessivas, devido ao alto número de abates, mas agora o cenário é diferente, com impacto direto no preço ao consumidor.
No que diz respeito à alimentação fora do domicílio, houve uma leve alta de 0,34%, próxima à variação de agosto (0,33%). O subitem refeição desacelerou de 0,44% para 0,18%, enquanto o lanche acelerou de 0,11% para 0,67%.
Despesas Pessoais e a Semana do Cinema
O único grupo que registrou uma queda mais expressiva foi o de Despesas pessoais, com variação de -0,31%, impactando o índice geral em -0,03 p.p. Entre os destaques, está o subitem cinema, teatro e concertos, que apresentou uma redução de 8,75%, influenciado pela Semana do Cinema, uma campanha nacional que ofereceu preços promocionais em diversas redes pelo país. Essa queda impactou o índice geral em -0,04 p.p.
Variações Regionais: Goiânia e Aracaju nos Extremos
Todas as regiões pesquisadas pelo IBGE apresentaram inflação positiva em setembro. Goiânia registrou a maior alta, de 1,08%, influenciada pelos aumentos na gasolina (6,24%) e na energia elétrica residencial (4,68%). Por outro lado, Aracaju teve a menor variação, de 0,07%, devido aos recuos nos preços da cebola (-25,07%), tomate (-18,62%) e gasolina (-1,68%).
INPC Acompanha Tendência e Sobe 0,48% em Setembro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação de preços para as famílias com renda de um a cinco salários mínimos, também registrou alta de 0,48% em setembro, 0,62 p.p. acima do resultado de agosto (-0,14%). No acumulado do ano, o INPC subiu 3,29%, e nos últimos 12 meses, 4,09%, acima dos 3,71% observados nos 12 meses anteriores. Em setembro de 2023, o índice foi de 0,11%.
Os produtos alimentícios, que haviam registrado quedas nos meses anteriores, subiram 0,49% em setembro. Já os itens não alimentícios aceleraram de 0,02% em agosto para 0,48% em setembro.
Perspectivas Futuras
Com a expectativa de novos ajustes tarifários e a influência climática sobre a produção de alimentos, a tendência é que o cenário inflacionário continue oscilando nos próximos meses. A transição entre as bandeiras tarifárias e os impactos sazonais na agricultura serão fatores determinantes para o comportamento dos preços até o final do ano.
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