Casas de apostam prejudicam produtividade. Foto: Divulgação
O aumento dos jogos de apostas, popularizados pelas plataformas de bets, vem afetando diretamente a produtividade de muitos brasileiros. Além do entretenimento, essas atividades têm levado a uma preocupante onda de endividamento. Marcos Tonin, especialista em gestão de carreiras com mais de 17 anos de experiência, destaca que "o impacto financeiro dos jogos pode gerar estresse e ansiedade, fatores que prejudicam a performance no trabalho." Ele reforça que é crucial definir limites claros e ter uma gestão consciente das finanças pessoais para evitar consequências graves.
Relatórios recentes revelam que algumas famílias chegaram a usar o benefício do Bolsa Família para apostas, agravando ainda mais sua vulnerabilidade econômica. Segundo pesquisas, os brasileiros gastaram cerca de R$ 12 bilhões em apostas em 2023, com consequências prejudiciais para diversos setores. "Essa situação é alarmante e afeta diretamente a produtividade e o desenvolvimento do país", comenta Tonin.
De acordo com dados da Pesquisa de Apostas e Comportamento do Consumidor realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cerca de 20% dos brasileiros já participaram, de algum momento da vida de algum tipo de jogo de azar, com as apostas esportivas se destacando entre as preferências. A pesquisa aponta também que a pandemia acelerou esse crescimento, uma vez que muitas pessoas buscaram formas de entretenimento e, por consequência, de gerar renda extra.
Marcos enfatiza a importância de um maior incentivo à profissionalização e à criação de empregos, como alternativas para combater o vício em apostas. "A obsessão pelas bets pode se tornar um vício, minando a produtividade e o bem-estar do profissional. Precisamos promover iniciativas para um melhor desenvolvimento profissional, ajudando as pessoas a sair desse ciclo", comenta o especialista.
Estudos recentes mostram que o endividamento tem efeitos nocivos significativos sobre a produtividade dos trabalhadores. Uma pesquisa realizada pela Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelou que, em média, trabalhadores endividados apresentam uma queda de 30% em sua produtividade. Essa diminuição é atribuída a fatores como estresse, ansiedade e distrações mentais, que ocorrem quando o profissional se preocupa com suas dívidas.
Além disso, segundo um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), trabalhadores com dificuldades financeiras tendem a faltar mais ao trabalho, apresentam maior taxa de rotatividade e ficam mais suscetíveis a acidentes de trabalho, aumentando assim os custos para as empresas. O mesmo relatório destaca que o estresse financeiro pode levar a problemas de saúde mental, que impactam ainda mais a capacidade de concentração e o desempenho de maneira geral.
“É essencial reconhecer que muitos jogadores podem se deixar levar pela ilusão de ganhos fáceis apostando no que chamamos de gratificação imediata, na qual o apostador cria uma ilusão de que se não foi nessa, na próxima ganhará. Incentivando o vício e aí tudo que é ruim fica ainda pior” – ressalta Tonin. Neste sentido os estudos da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) ganham mais peso, pois indicam que cerca de 15% dos apostadores desenvolvem algum tipo de vício, levando a um ciclo de dívidas e frustrações. “Obviamente que isso cria um ambiente propício para um desempenho reduzido no trabalho, já que o foco do profissional se desloca para suas preocupações financeiras em vez de suas responsabilidades laborais” – comenta Marcos.
O especialista de carreira sugere que empresas invistam em educação financeira para seus colaboradores, já que o descontrole econômico afeta a motivação e a capacidade de concentração no ambiente de trabalho. "A obsessão pelas bets pode se tornar um vício, minando a produtividade e o bem-estar do profissional", alerta.
A relação entre jogos de azar, endividamento e produtividade é uma questão aguda e complexa que afeta não apenas o indivíduo, mas também as organizações e a família do apostador como um todo. À medida que as apostas se tornam mais comuns no Brasil, é essencial que todos, desde os profissionais até os empregadores, reconheçam os riscos e trabalhem juntos para promover uma cultura de responsabilidade e apoio.
“Acredito que as empresas devem criar programas para conscientizar os colaboradores sobre os impactos das apostas e do endividamento na saúde física e mental. O diálogo aberto e a implementação de medidas preventivas são passos essenciais para garantir o bem-estar dos colaboradores e a produtividade das empresas” – reforça Marcos.
"Já para os profissionais, estabelecer hábitos saudáveis, que chamamos de fatores de proteção à saúde mental, como a prática regular de exercícios físicos, investir em hobbies e buscar apoio psicológico são alternativas para quem deseja retomar o controle da vida financeira e aumentar sua eficiência no trabalho", explica. Tonin reforça que a adoção de uma rotina equilibrada e a busca por apoio profissional são passos importantes para evitar recaídas.
“A combinação explosiva de dívidas crescentes e baixa produtividade cria um ciclo vicioso, no qual todos saem perdendo, seja o profissional, a família, as empresas ou a estabilidade financeira”, completa.
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