Para Aline Soaper, educadora financeira, a negativação constante acontece pela falta de planejamento financeiro
Segundo os dados divulgados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), oito em cada dez brasileiros voltam para os cadastros de negativação, o movimento também ocorre em menos de um ano após o pagamento da conta negociada. Ainda de acordo com o levantamento, correspondendo ao mês agosto deste ano, 86,31% do total de negativações foram de devedores reincidentes, ou seja, que já haviam sido registrados no cadastro de inadimplentes nos últimos 12 meses. Para Aline Soaper, educadora financeira, este comportamento pode estar ligado à dificuldade de brasileiros em manter um planejamento financeiro.
"É importante ressaltar que muitos brasileiros têm problemas em criar um planejamento financeiro, conciliando os gastos fixos, como aluguel, conta de água e de luz, com os gastos extras, como compras de vestuários e eletrônicos. Porém, há fatores que podem agravar esse movimento, como a falta de conhecimento sobre a educação financeira e entendimento como ela pode impactar no endividamento, além da baixa renda entre a maior parte da população e o alto índice de desemprego", explica Soaper.
Ainda de acordo com o estudo feito pelo SPC e pelo CNDL, no grupo de devedores reincidentes, mais de 63% foram de consumidores que ainda não tinham pagado dívidas antigas até agosto. Já mais de 22% tinham saído do cadastro de devedores nos últimos 12 meses, porém retornaram ao grupo. Entre os restantes, apenas 13,69% dos consumidores não estiveram com restrições no CPF ao longo dos últimos 12 meses.
“Quanto maior a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que recebem salários menores. Isso, porque os preços dos produtos aumentam, sem que o salário acompanhe esse crescimento, por isso, o planejamento é fundamental. É essencial colocar no papel tudo que se recebe, e os gastos mensais que tem. Assim é possível saber o custo de vida atual, qual valor necessário para a família manter as necessidades básicas”, afirma Aline.
Nesta quarta-feira (8), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado como a inflação oficial do Brasil, revelou que os preços subiram 0,44% em setembro, essa é a maior variação para o mês desde 2021. A forte alta pode estar ligada ao avanço de 1,80% no grupo de Habitação, em que os preços da energia elétrica residencial aumentaram em 5,36% em setembro, consequência da mudança de bandeira tarifária, iniciada no primeiro dia de outubro.
"Há diversas estratégias para manter um planejamento financeiro eficaz, que ajude a evitar a volta do nome sujo. Entre elas, é evitar adquirir novas dívidas, principalmente se você já tem muitas parcelas que comprometem sua renda atual. Outra dica, é cortar o que não está sendo utilizado dentro do orçamento familiar. Para isso, é preciso realizar uma revisão de todos os gastos. Ou seja, aquela assinatura de streaming que você pouco usa, aquele aplicativo do celular que você assinou e esqueceu, as cobranças automáticas que você coloca no cartão de crédito. Pense que, em momentos de crise, é preciso direcionar o dinheiro para o que é essencial", indica a educadora.
Aline ressalta que o café e algumas frutas, como a banana prata, o mamão e a laranja-pera, foram os itens que mais pesaram no bolso dos brasileiros nos últimos meses, por isso, é essencial fazer uma pesquisa de preços e definir o que é realmente necessário. Substituindo produtos que estão mais caros, por outros de marcas menos famosas.
“Busque alguma atividade para aumentar sua renda. Mesmo que você acredite que não tenha habilidades para gerar mais renda, busque treinamentos para desenvolver novas habilidades e prestar serviços ou abrir seu próprio negócio. Esse é o caminho para ter mais dinheiro e poder consumir sem aumentar suas dívidas”, finaliza Aline Soaper.
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