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O triunfo de Fernanda Torres no Globo de Ouro fez o Brasil experimentar uma rara e efêmera vertigem de glória. Não se trata de futebol, nem de Fórmula 1 – os dois palcos onde o gênio nacional parece tolerar a própria grandeza.
O cinema brasileiro, até então, parecia conformado com sua vocação para estereotipar o país ou exaltar derrotas. Mas quem sabe este instante de apoteose sirva para sacudir as ideias, para nos ensinar a viver no presente, sem o subterfúgio de sonhar sempre com um futuro que nunca chega?
A poeta Constância Uchôa, movida pelo ardor deste feito, enviou-nos um poema em que reverencia o feito de Fernanda, enquanto rememora as dores e as cicatrizes que marcam nossa história.
AINDA ESTOU AQUI, BRASIL
Por Constância Uchôa
História para o país,
Fernanda Torres quem fez;
Olhem que do mesmo mês
Guardamos a cicatriz.
Nossa Nação hoje diz:
"Salvem a democracia,"
Porque toda artilharia,
Traz um oito apontado...
Que ontem foi sepultado
Nas valas da tirania.
Aquela cena de Eunice,
Esfregando a própria pele;
Parece que em mim expele
O que sua voz não disse!
Fora uma dor de mesmice:
Dos gemidos nas torturas,
Exausta pelas procuras,
Mendigava sempre crível,
Como se fosse possível,
Higienizar ditaduras.
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