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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Cerca de 45% dos trabalhadores de app no Brasil não consegue pagar as contas, revela pesquisa

Mesmo com 50% dos entrevistados trabalhando mais de oito horas por dia, os ganhos não são suficientes

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

 

Enquanto a economia digital se consolida como alternativa de renda para milhões de brasileiros, uma nova pesquisa nacional revela a precariedade que ainda marca o dia a dia dos trabalhadores de aplicativos. Segundo levantamento realizado pela fintech GigU, anteriormente conhecido como StopClub, em parceria com a Jangada Consultoria de Comunicação, 45,1% dos profissionais afirmam que sua renda líquida não é suficiente para arcar com as despesas mensais básicas. A pesquisa escancara um cenário de longas jornadas, gastos elevados para trabalhar e sentimento generalizado de abandono por parte das plataformas.

 

Mais da metade dos entrevistados atua em dois ou mais apps (54,4%) e 50,2% trabalham mais de oito horas por dia. Ainda assim, os custos para manter a atividade, como combustível, manutenção e alimentação, ultrapassam R$ 1.500 por mês para quase metade deles (49,9%). O resultado é uma margem apertada, que mal cobre o básico e compromete a estabilidade financeira de quem move essa engrenagem.

 

A motivação para ingressar nesse tipo de trabalho é majoritariamente econômica: 66,6% entraram na gig economy por necessidade, sendo o desemprego (35,4%) e o complemento de renda (38%) os principais motivos. Ainda que a flexibilidade de horário seja mencionada por quase um terço deles (31,5%), a grande maioria permanece por não ter outra alternativa no mercado formal.

 

O estudo também mostra uma crise de confiança nas plataformas e mais de 60% dizem que falta clareza sobre taxas, valores e bloqueios, e o suporte é avaliado como ruim ou muito ruim por seis em cada dez profissionais. Além disso, 78,3% não sentem que as empresas realmente se importam com quem está na linha de frente das entregas e corridas.

 

“A transparência nos ganhos é hoje uma das maiores demandas desses trabalhadores. Sem saber claramente quanto vão receber ou por que certos valores são descontados, fica impossível planejar a própria vida. É urgente que as plataformas sejam mais claras e que a sociedade reconheça o valor de quem está todos os dias nas ruas mantendo a economia girando”, Luiz Gustavo NevesCEO da GigU.

 

Mesmo assim, muitos seguem no setor por falta de opções: 46,4% afirmam que continuarão nos aplicativos até conseguirem algo melhor, e 31,9% deixariam esse tipo de trabalho imediatamente se tivessem outra oportunidade com melhor remuneração.

 

As principais demandas dos trabalhadores são claras: melhor remuneração por corrida (97,4%), redução das taxas cobradas pelas plataformas (72,7%), mais transparência (56,9%), melhor suporte (51,3%) e benefícios básicos, como plano de saúde e previdência (42,8%).

 

Os dados revelam as contradições de um modelo de trabalho que cresce em escala, mas ainda carece de garantias mínimas para quem o sustenta. Em meio às discussões sobre a regulação do trabalho por plataformas no Congresso, o levantamento oferece um panorama realista das fragilidades enfrentadas por motoristas, entregadores e prestadores de serviço e reforça a urgência de políticas que promovam mais equidade, proteção e transparência nesse novo arranjo produtivo.

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