Enquanto o total de empregos com carteira assinada cresceu 4,7% em um ano, vínculos flexíveis como temporários, intermitentes e aprendizes avançaram 6,7% e já representam mais de 10% do mercado formal. Professora de RH analisa o cenário no Dia do Trabalho
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Dados do Novo CAGED revelam que o Brasil chegou a 4.988.530 trabalhadores em vínculos “não típicos” em janeiro de 2025, um crescimento de 6,74% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O número representa mais de 10% do total de empregos formais no país e acende o alerta sobre as mudanças estruturais nas relações de trabalho. No Dia do Trabalho, a tendência levanta reflexões sobre o futuro do emprego, a qualidade das vagas e o equilíbrio entre flexibilidade e segurança.
Entre os chamados vínculos “não típicos” estão contratos temporários, intermitentes, aprendizes, trabalhadores por CAEPF (como os domésticos) e aqueles com jornada reduzida (até 30 horas semanais). Em contraste, os contratos típicos com vínculo direto, jornada padrão e garantias previstas na CLT também cresceram, mas em ritmo menor: 4,5% no ano.
Segundo a professora do curso de Recursos Humanos da Faculdade Anhanguera, Fernanda Fabiana Nunes Ribeiro, o movimento indica uma busca por modelos mais flexíveis de contratação, tanto por parte das empresas quanto de alguns perfis de trabalhadores. “É uma tendência que acompanha transformações no mundo do trabalho, mas precisa ser analisada com cuidado. A flexibilidade não pode significar ausência de direitos”, afirma.
Os setores que mais contratam vínculos não típicos são os de serviços, comércio e agropecuária, onde a sazonalidade e os custos operacionais influenciam diretamente na escolha por formatos menos rígidos. No entanto, a professora alerta para o risco de precarização se não houver regulação clara e políticas de proteção social adaptadas a esse perfil. “Nesse novo cenário, investir em qualificação profissional, seja por meio da faculdade, cursos técnicos ou programas de capacitação, pode ser o diferencial para conquistar e manter um espaço no mercado de trabalho, mesmo com vínculos mais flexíveis”, finaliza Fernanda.


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