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sexta-feira, 6 de junho de 2025

Censo 2022: católicos seguem em queda; evangélicos e sem religião crescem no país

De 2010 a 2022, de acordo com os dados do Censo Demográfico, houve redução do percentual de católicos apostólicos romanos (56,7%) e aumento de evangélicos (26,9%) e sem religião (9,3%). Em 2010, os católicos eram 65,1% da população de 10 anos ou mais, os evangélicos, 21,6%, enquanto os sem religião correspondiam a 7,9% dos declarantes.

Proporção de católicos cai 8,4 p.p. entre 2010 e 2022. Já a proporção de evangélicos e sem religião cresceu, respectivamente, 5,2 p.p. e 1,3 p.p. - Foto: Freepik


O Brasil está se tornando cada vez mais plural em termos religiosos. É o que revela o Censo Demográfico de 2022, realizado pelo IBGE, que confirma uma tendência observada nas últimas décadas: a perda de hegemonia do catolicismo e o avanço constante dos evangélicos, além do crescimento de pessoas sem religião e de manifestações religiosas tradicionais, como umbanda, candomblé e práticas indígenas.



Catolicismo em queda, mas ainda majoritário


Apesar de ainda ser a religião com o maior número de adeptos no país, o catolicismo apostólico romano caiu de 65,1% da população em 2010 (105,4 milhões de pessoas com 10 anos ou mais) para 56,7% em 2022 (100,2 milhões), uma redução de 8,4 pontos percentuais em 12 anos.


As regiões com maior concentração de católicos são o Nordeste (63,9%) e o Sul (62,4%). O Piauí lidera entre os estados, com 77,4% da população se declarando católica. Na outra ponta, os menores percentuais foram registrados em Roraima (37,9%), Rio de Janeiro e Acre (ambos com 38,9%).


Crescimento evangélico e rejuvenescimento


Os evangélicos, por sua vez, cresceram significativamente: de 21,6% em 2010 (35 milhões) para 26,9% em 2022 (47,4 milhões). O Acre é o estado com maior proporção de evangélicos (44,4%), enquanto o Piauí tem a menor (15,6%).


O perfil etário do grupo também chama atenção: a maior proporção de evangélicos está entre os jovens de 10 a 14 anos (31,6%), revelando um movimento geracional. Entre os mais velhos, com 80 anos ou mais, os evangélicos são apenas 19% da população.


Sem religião: uma presença crescente, especialmente entre homens


O grupo que se declara “sem religião” passou de 7,9% da população em 2010 para 9,3% em 2022 — o equivalente a 16,4 milhões de pessoas. A maioria são homens (56,2%). A maior concentração está na Região Sudeste, com 10,6%, sendo que Roraima e o Rio de Janeiro lideram em proporção de pessoas sem religião (16,9% cada). Piauí, Ceará e Minas Gerais apresentam os menores índices.


Este grupo é especialmente numeroso entre jovens adultos: 14,3% dos brasileiros entre 20 e 24 anos se declaram sem religião. Já entre os idosos com 80 anos ou mais, a proporção é de apenas 4,1%.


Diversidade religiosa em alta


As chamadas “outras religiosidades” também cresceram, passando de 2,7% para 4,0%. Umbanda e candomblé avançaram de 0,3% para 1,0% da população, com destaque para o Rio Grande do Sul (3,2%) e o Sudeste (1,4%). As tradições indígenas aparecem pela primeira vez com 0,1% das declarações — embora sua presença seja mais significativa em estados como Roraima (1,7%).


Para Maria Goreth Santos, analista do IBGE, essas transformações exigiram adaptações metodológicas no próprio Censo: “Em 150 anos de recenseamento de religião, muita coisa mudou no país e na sociedade como um todo”. “Em 1872, o recenseador deveria assinalar cada pessoa como ‘cathólico’ ou ‘acathólico’, conforme grafia da época; não havia outra opção de religiosidade”.


Espíritas: os mais instruídos


O grupo espírita se destaca por seus altos índices de escolaridade: quase metade (48,0%) das pessoas com 25 anos ou mais têm ensino superior completo, bem acima da média nacional (18,4%). Apenas 11,3% não concluíram o ensino fundamental. Este também é o grupo com menor taxa de analfabetismo (1,0%).


Na outra ponta, os adeptos de tradições indígenas apresentam os maiores índices de analfabetismo (24,6%) e de baixa escolaridade (53,6% não completaram o ensino fundamental). Já entre os católicos, a taxa de analfabetismo é de 7,8%, reflexo, em parte, do envelhecimento desse grupo.


Cor, raça e religião


A relação entre cor/raça e religião também revela importantes desigualdades. Entre os brancos, 60,2% são católicos e 23,5% evangélicos; já os pardos se destacam entre os evangélicos (49,1%) e entre os sem religião (45,1%). O espiritismo é predominantemente branco (63,8%), enquanto a maioria dos praticantes de tradições indígenas se autodeclara indígena (74,5%).




Fontes: Agência IBGE

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