Diferenças regionais e sociais ainda persistem, mas uso do celular cresce entre idosos e estudantes da rede pública
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| Preocupação com segurança e privacidade foi o principal motivo para que as crianças de 10 a 13 anos não tivessem celular para uso pessoal - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil |
Em 2024, cerca de 167,5 milhões de brasileiros com 10 anos ou mais de idade possuíam telefone móvel celular para uso pessoal, o que representa 88,9% dessa faixa etária. Os dados são do módulo anual da PNAD Contínua sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), divulgado nesta sexta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa revela avanços importantes no acesso ao celular, com destaque para a redução das desigualdades regionais e o aumento expressivo entre idosos e moradores da zona rural. Nas áreas urbanas, 90,5% da população investigada têm celular, enquanto nas zonas rurais esse percentual chega a 77,2% — em 2016, era de apenas 54,6%.
Expansão contínua
A posse de celular entre a população brasileira tem aumentado de forma consistente: passou de 77,4% em 2016 para 87,6% em 2023 e alcançou 88,9% em 2024. Nas regiões Norte (83,7%) e Nordeste (84,0%) ainda há os menores índices, mas a diferença vem diminuindo em relação ao Sudeste (91,3%), Sul (92,1%) e Centro-Oeste (92,6%).
Acesso à internet pelo celular
O número de pessoas com celular que também acessam a internet por meio do aparelho cresceu de 96,7% em 2023 para 97,5% em 2024. Na área rural, o crescimento foi de 1,7 ponto percentual, passando de 94,3% para 96,0%.
Perfil por idade, sexo e raça
Entre os grupos etários, os maiores índices de posse de celular foram registrados entre pessoas de 25 a 39 anos, com mais de 96%. O índice decresce com a idade: 92,4% entre os adultos de 50 a 59 anos e 78,1% entre os idosos com 60 anos ou mais. Ainda assim, o crescimento entre os idosos foi notável: subiu 11,5 pontos percentuais desde 2019.
Entre os jovens de 10 a 13 anos, o acesso é mais limitado, com apenas 56,5% tendo celular — uma faixa etária em que preocupações com privacidade e segurança são relevantes.
A pesquisa também revela diferenças por sexo e raça: 90,2% das mulheres têm celular, contra 87,5% dos homens. Já entre os brancos, a posse chega a 91,1%, superando os índices entre pessoas pretas (88,5%) e pardas (87%).
Diferença marcante entre estudantes da rede pública e privada
O estudo mostra uma discrepância significativa entre estudantes da rede pública e da rede privada. Em 2024, 94,2% dos estudantes da rede privada possuíam celular, contra apenas 73,7% da rede pública. No ensino fundamental, a diferença é ainda mais acentuada: 60,1% na pública e 78% na privada.
Essa desigualdade se reduz no ensino superior, onde praticamente todos os estudantes têm celular — 99,2% na rede pública e 99,6% na privada.
Por que ainda não têm celular?
Apesar dos avanços, cerca de 20,9 milhões de pessoas com 10 anos ou mais ainda não possuem celular. Os principais motivos são: não saber usar o aparelho (30,4%), falta de necessidade (21,8%) e preço elevado (19,4%). O perfil majoritário dessas pessoas inclui idosos, crianças e pessoas com baixa escolaridade — 80,3% não tinham instrução ou não completaram o ensino fundamental.
A preocupação com privacidade e segurança também vem crescendo, sendo apontada por 7,6% dos que não têm celular, acima dos 4,7% registrados em 2022. Entre adolescentes de 10 a 13 anos, esse foi o principal motivo (24,1%).
Estudantes e a questão do custo
Entre os estudantes, o principal obstáculo para o acesso ao celular ainda é o preço do aparelho (26,0%), seguido pela falta de necessidade (21,0%) e preocupações com privacidade (20,2%). Estudantes da rede pública apontam majoritariamente o custo como motivo (27,7%), enquanto os da rede privada destacam a privacidade (33,4%).
Tendências
De 2023 para 2024, o percentual de pessoas com celular cresceu em todos os grupos etários, com destaque para os jovens de 14 a 19 anos e os idosos, ambos com aumento de 2 pontos percentuais. O levantamento indica que, embora o acesso ao celular esteja cada vez mais difundido, questões como renda, escolaridade, idade e região ainda influenciam fortemente o acesso às tecnologias móveis no Brasil.
A pesquisa completa também traz dados sobre o acesso à internet e sobre a presença das tecnologias da informação e comunicação nos domicílios brasileiros, disponíveis no site do IBGE.



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